Crítica | Empathy


★★★★☆
4/5

Antes que de fato fizesse sua estreia como solista, D.O. passou anos de sua carreira se concentrando em algumas atividades das quais ele é conhecido, ora sendo um dos principais vocalistas do grupo de K-pop EXO; ora sendo protagonista de filmes e séries que marcaram a década de excelência do cinema sul-coreano, onde esteve à frente de clássicos recentes como o filme Swing Kids, de 2018. Neste ano, depois de concluir o serviço militar obrigatório e participar de mais um lançamento do EXO, D.O. finalmente anunciou sua estreia solo com o disco 공감 (Empathy) – The 1st Mini Album, uma coleção singela de amor, embalada por arranjos acústicos e uma atmosfera encantadora do início ao fim.

Indo na contramão do que a grande maioria dos artistas de K-pop costumam escolher na hora de debutar como solistas, D.O. acaba se distanciando da fórmula bastante desgastada do Pop e R&B, abraçando de vez a influência do Folk em faixas como a title-track “Rose”, escrita por ele mesmo — um verdadeiro destaque se formos considerar que atualmente é possível contar nos dedos os idols que se dão ao trabalho de compor suas próprias músicas. Ainda sobre composições, uma outra chama a atenção, nos créditos de “My Love” é possível encontrar o nome de Jae do grupo DAY6, que esteve envolvido em diversos processos autorais lançados nesse ano. Por outro lado, em “I’m Gonna Love You”, pode-se notar a precisão na escolha de Wonstein para participar da faixa — que apesar de se destoar do restante do disco por ter uma abordagem mais acessível e divertida —, ainda assim consegue render um dos melhores momentos, seja pela química dos vocais ou pelos sons de guitarra que ascende o ritmo das vibrações românticas presentes nos versos.

Enquanto isso, “My Love” e “다시, 사랑이야 It’s Love” surgem de uma abordagem mais incisiva da base acústica presente no disco, onde ambas as faixas oferecem quase nada além disso e das composições que giram em torno do mesmo tema: o amor. Não que isso seja algo negativo, mas nessa altura, a pouca variação entre elas é o que torna as coisas um tanto quanto monótonas. Depois, há “나의 아버지 Dad”, e como sugere no título, essa música é uma homenagem de Kyungsoo — nome verdadeiro de D.O. — ao seu pai, e como se não bastasse apenas isso para gerar comoção, a faixa ainda assume a postura de balada, algo que nunca pode faltar em algum disco solo com pegada pessoal e sentimental, duas coisas presentes na letra: “Eu quero ser mais como você / Para você ainda sou uma criança / Deixe seus tempos serem deslumbrantes / Nós sempre tentamos nos encarar / Meu pai”.

Depois das lágrimas, “I’m Fine” acaba se encaixando perfeitamente no contexto do disco, principalmente por anteceder a versão em inglês de “Rose”, que acaba elevando ainda mais o nível da title-track da qual antes soava ótima, agora soa perfeita. O disco termina com “Si Fuedas Mia” uma canção que arrepia — não só pela ótima pronúncia do artista —, mas também por conta da conexão que o ouvinte pode ter ao identificar algumas palavras que são próximas do português, e mesmo que seja apenas uma versão em espanhol de “It’s Love”, a canção acaba se tornando ainda mais interessante que a original, fruto do que D.O. plantou quando fazia homenagem aos fãs latinos cantando em espanhol nas turnês do EXO.

공감 (Empathy) – The 1st Mini Album começa e termina no mesmo tom, e apesar de não se arriscar — tirando a execução das faixas em outros idiomas — D.O. conta com outros elementos para tornar sua estreia uma das melhores do ano. Sua voz nunca esteve tão perfeitamente ajustada às canções que representam seu lado íntimo e maduro, como vemos em “Rose” e “나의 아버지 Dad”, dois destaques que não passam despercebidos ante ao que o artista é capaz de causar com sua interpretação única, embora subestimada.

Selo: SM
Formato: EP
Gênero: Música do Leste e Sudeste Asiático / K-Pop
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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