Crítica | Harry’s House


★★★☆☆
3/5

Em seus dois álbuns anteriores, Harry Styles parecia estar em busca de uma base musical firme, na qual pudesse desenvolver narrativas sem que fosse atrapalhado pela bagunça de estilos que ele mesmo criava. Depois de tantas tentativas, o cantor finalmente atingiu um rumo positivo em relação ao que antes era abordado de maneira pífia. Mesmo que ainda não tenha nada demais a oferecer, o seu novo álbum, Harry’s House, prova que ele está no caminho certo.

Se Fine Line foi um verdadeiro tormento no ponto de vista estilístico, Harry’s House, por outro lado, acaba reverberando uma atmosfera mais próxima da calmaria, talvez, porque é neste disco em que vemos Styles experimentar alguns dos sons mais interessantes de sua breve carreira. Apesar de trabalhar o retrô desde a sua estreia em 2017 com o autointitulado Harry Styles, seu melhor projeto desde então, o ex-One Direction nunca havia tomado caminhos tão assertivos como fez aqui, e “As It Was” é a principal prova disso.

Realizando o desejo profundo de todas as gravadoras hoje em dia, “As It Was” logo se tornou um viral no TikTok, um feito bastante importante para Harry que costuma se apoiar no público adolescente, e agora pode ver a sua música rodando o mundo e sendo consumida por todas as idades. O caráter acessível e o som altamente estimulante, fazem dessa faixa uma das melhores já lançadas por ele, tal como “Music For a Sushi Restaurant”, embalada por um baixo responsável por regular o ritmo, e “Late Night Talking”, cantada entre pausas e um instrumental que perpassa os sentidos nostálgicos em que Styles baseia o restante da obra.

A falta de direção não é o único problema em relação às composições. A redundância, vista através de uma repetição de temas, também acaba afetando negativamente algumas músicas. Nesse sentido, “Grapejuice” mostra-se ser o principal exemplo. Discorrendo uma frase que parece marcar presença a cada cinco minutos no álbum, Harry canta: “There’s just no getting through without you”. Em outros momentos, somos conduzidos por uma redoma cheia de efeitos sonoros que encantam, mas não surpreendem. Harry’s House, no final das contas, tende a servir um ponto de mudanças na carreira de Harry Styles, que depois de levar tanta paulada nas costas para aprender a virar artista, finalmente parece ter conseguido.

Selo: Columbia
Formato: LP
Gênero: Pop / Soft Rock, Synthpop
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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