Crítica | Ang Pagdaloy


★★★☆☆
3/5

Os gongos de Kulintag e os toques suaves de Sarunay, da banda filipino-canadense Pantayo, apresentam ao ouvinte a ancestral herança filipina das intérpretes em seu segundo álbum de estúdio, Ang Pagdaloy, que investiga suas percepções como mulheres asiáticas queer ao estarem incluídas dentro de uma sociedade ocidental.

Reafirmando suas raízes utilizando instrumentos de sua própria cultura, elas se posicionam como protagonistas de suas próprias experiências e reflexões. E o preconceito, o fetichismo e a objetificação que seus corpos e vidas sofrem nas mãos dos ocidentais, servem como ferramentas para materializar dentro do projeto canções que misturam tambores e grooves de sintetizadores com metafalones e kulintang —instrumento tradicional do sul das Filipinas— e também marca registrada da banda em suas criações.

O grande ponto positivo deste trabalho está na instrumentação que se divide em produções feitas por instrumentos reais —o que torna o projeto orgânico, cru e fluido— com programas de computador, mas estes apenas cumprem a função de melhorar algo que falta na criação do processo com instrumentação manual.

Algumas faixas, por sua vez, são peças que tentam criar ambientes mais imersivos, como, por exemplo, em “Basta”, a música que possui duração de sete minutos e encerra o disco, é carregada por uma atmosfera contida e opaca enquanto sons de gongos e as pinceladas de sarunay se misturam no vazio sonoro que tenta ser preenchido.

Assim como na tradução literal do tagalo para o português, o título significa “o fluxo”, a composição sonora de Ang Pagdaloy sempre dá ao ouvinte a sensação constante de estar navegando em um rio sereno, porém, também irritado.

Selo: Telephone Explosion
Formato: LP
Gênero: Pop / House, Jazz, Reggaeton
Joe Luna

"Graduando em Economia Ecológica pela UFC, 23 anos. Educador ambiental e redator no Aquele Tuim, onde faço parte das curadorias de MPB, Pós-MPB e Música Brasileira e Música Latina/Hispanófona."

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