★★★★★
5/5
Gravado em Nova Iorque e Londres, Aphorisms marca o retorno do lendário Graham Lambkin à cena. O seu estímulo assenta na colagem de sons e na extensão sonora da sua intimidade assustadoramente cotidiana, sendo o disco descrito como um avanço na missão idiossincrática do artista.
Na verdade, é um material que perpassa as declarações de Lambkin: são acordes de piano e intromissões marcadas por palavras faladas, respirações e ruídos decorrentes de gravações de campo. Mas há muito mais do que isso. "Samplehust", que abre o disco, traz respirações ofegantes, dedilhando piano e cordas sem altura fixa para apresentar ao ouvinte uma espécie de apresentação do que Graham Lambkin pretende fazer no restante da obra.
Em "Needlemuff", por exemplo, a presença mais longa de cordas tocadas por alguns longos intervalos e um silêncio que ecoa por sua dimensão, expõe uma rica ocupação — interrompida por crepitações que não ouso dizer a origem. Enquanto isso, "Triology of Embers" empresta características berrantes semelhantes da faixa de abertura, mas aqui, o artista parece mais violento em seus assopros.
Parte do que Lambkin faz é baseado na imensidão das paisagens cenobíticas. “Porptius” vem de uma canção que remete à arte de meditar, talvez por isso a peça assuma um diálogo de fundo que atravessa camadas e chega ao ouvinte entre percussões e arranhões assustadores. É o prelúdio do que vem a seguir: a explosão de "Cannon Hill".
Sem se preocupar com a dosagem de silêncio e calma, antes canônica na expressão da introdução, a mistura de tudo e o resultado de nada — que soa livre ao lado de dezenas de texturas — choca ao caminhar sem rédeas pelo espaço administrado pelo artista. É o ponto alto da obra e se estende por deliciosos e perturbadores oito minutos de duração. Aphorisms fecha como um retrato fiel dos detritos musicais de Graham Lambkin; uma obra produzida contrapondo a estranheza de suas sobreposições atípicas.
Selo: Blank Forms
Formato: LP
Gênero: Experimental / Colagem de Sons, Musique Concrète