Crítica | Oxmardyke



★★★☆☆
3/5

Antes de falecer, em 25 de março de 2022, Philip Jeck seguia firme na produção de seu último registro, Oxmardyke, ao lado de Chris Watson. Gravado com a captação de sons ambientes e posteriormente modificado por um simples laptop, o disco enfrenta as mudanças e permanências da arte provocadas pelo artista.

Em meio ao canto dos pássaros e ao barulho dos trilhos do trem, Oxmardyke tem uma força quase lúdica ao não se opor à sismicidade do gênero. É neste ponto que Philip Jack e Chris Watson alcançam um comportamento mútuo enraizado na intenção de eternizar momentos. O silêncio ruidoso e as texturas eletrônicas, resumem parte da obra que, por sua vez, é acompanhada de uma realização quase religiosa – Philip acertou os detalhes enquanto estava acamado em um hospital.

Durante a gravação, no ato de ir a Oxmardyke captar os sons ali existentes, naquele cruzamento, Watson torna evidente a experiencia que causa um insano despertar de curiosidade, um desejo que só a arte pode explicar. O resultado, portanto, é uma obra que leva crédito por sua construção e sua produção — casos em que a jornada se mostra tão essencial quanto o resultado.

Selo: Touch
Formato: LP
Gênero: Experimental / Musique Concrète, Eletroacústica
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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