Crítica | the whaler


★★★★☆
4/5

Home Is Where é uma banda relativamente inusitada. Com uma das liricistas que mais se destacam no meio atual e uma mistura incomum de folk punk e midwest emo, seus dois projetos anteriores foram acertos surpreendentes pela maestria dos membros em captar as entrelinhas e aperfeiçoar o básico dos elementos que rodeiam o rock. Ambos discos já demonstravam que a banda não deveria ser considerada apenas um mero grupo de amigos se divertindo, uma vez que era impossível taxar como genéricas suas guitarras espessas, vocais flamejantes e temáticas inovadoras no gênero. Entretanto, nada disso foi tão intenso quanto em the whaler.

O álbum gira em torno do, talvez, enredo mais criativo do ano. A intenção é abordar o horror da vida moderna ao dizer que, após o onze de setembro americano, o mundo entrou em um loop similar ao de um tocador de fita, sendo que, desde o evento (utilizado apenas como paralelo ao presente), a “fita” se desintegra cada vez mais. Essa degradação contínua da persistência de problemas estruturais passa tão rápido pelas cabeças das pessoas, alienadas, que a passagem do tempo vira apenas uma detonação analítica, não um alarme de que o fim do mundo acontece todo dia. Escolho deixar as nuâncias e narrativas excelentes do disco em aberto para quem for ouvir; você certamente se surpreenderá.

O quesito lírico desse álbum é uma brilhante alexandrita, de fato, mas não é a única gema preciosa nele presente: ele também se destaca por ter os melhores riffs de midwest emo, a melhor performance de screamo e o melhor conhecimento sobre o emo e o folk que qualquer outro artista demonstrou ter neste ano. As melodias impressionantes e contagiosas das guitarras, os vocais de uma besta enjaulada da cantora e a compreensão perfeita de todos os maneirismos dos gêneros explorados são de outro mundo — algo que só fãs ávidos de Bob Dylan e emo como eles poderiam executar. É muito difícil encontrar um álbum com tudo isso, mas a quinta onda do emo entrega.

the whaler é um pacote completo em que qualquer um — que goste das texturas e estilos nele dispostos, claro — consegue aproveitar, no mínimo, uma coisa. Seja a escrita impressionante, os ritmos energéticos, ou qualquer qualidade já citada; tudo é feito com uma sensibilidade exímia. É facilmente um dos registros mais completos, bem idealizados e bem executados do ano; não tem motivo para ignorá-lo, afinal, a banda continua e continuará sendo muito mais que um grupo de amigos se divertindo.

Selo: Wax Bodega
Formato: LP
Gênero: Rock / Midwest Emo, Folk Punk, Screamo
Sophi

Estudante, 18 anos. Encontrou no Aquele Tuim uma casa para publicar suas resenhas, especiais e críticas sobre as mais variadas formas de música. Faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica, Rap e Hip Hop.

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