Crítica | 7 Estrelas | quem arrancou o céu?



★★★★☆
4/5

Anteriormente, a artista havia lançado o elogiado Azul Moderno, de 2018. Dos anos que o separam de 7 Estrelas | quem arrancou o céu?, nota-se que muita coisa mudou, não só na carreira de Luiza, mas na sociedade como um todo.

E, embora não pareça, esse tema sempre esteve encapuzado, propositalmente, nas canções dos outros discos dela. É um risco tentar observar e descrever como as coisas eram e como elas estão, por isso o álbum busca manter viva a intenção da artista de pincelar sua narrativa por fragmentos — aqui, feitos de pura poesia.

Essa poesia é vista na intenção de trazer novas conexões e refazer as antigas, principalmente pelo fator religiosidade que Luiza tornou parte de seu DNA artístico, como nas passagens de Oyá Tempo e do já citado Azul Moderno. Nesse ponto, surge uma intensa mistura de elementos que só fazem sentido no contexto do texto aqui explorado.

Exemplo de questões existenciais que recorrem ao retoque da artista pela mutualidade do termo sociedade, como na faixa "Eu Estou Aqui", ou no dueto com Céu, marcado pela imersão da letra: "Lá fora o mundo está morrendo / Quem arrancou o céu? / Deuses estão se resolvendo / Se vão deixar o véu". É, portanto, extasiante notar que todos os momentos de 7 Estrelas | quem arrancou o céu? fazem sentido na órbita de Luiza e por isso ela soa crua.

Essa crueza também se aplica às renovações sonoras, que pegam elementos de obras antigas de Luiza para fundir algo novo. Os arranjos eletrônicos que passeiam pelo trip hop e pela MPB tornam-se a vitrine dos encantos da artista, é a manifestação de um dos nomes mais brilhantes do pós-MPB.

Selo: Risco
Formato: LP
Gênero: Pós-MPB / Art Pop, Experimental, Eletrônica
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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