★★☆☆☆
2/5
É interessante notar que, apesar de permanecer numa série constante de lançamentos ruins, Juliette, não ironicamente, parece ter evoluído. Diferente do EP autointitulado de 2021, que foi idealizado e parcialmente feito enquanto ela ainda estava no BBB, Ciclone é mais natural e por isso acaba fluindo melhor.
Mas não se engane, ainda é um disco que guarda o aspecto postiço de Juliette. Aquele ao qual ela foi condicionada por saber cantar de alguma forma. E essa não é uma regra que deve ser aplicada apenas aos ex-BBBs. A música pop é assim. E Juliette faz música pop aqui.
Com letras menos simplistas e pouco apelando às suas raízes, em Ciclone ela vai ao encontro dos seus amores. O amor é universal, então tematicamente não há muito o que pesar aqui: Juliette apenas expõe suas músicas pop acessíveis com batidas nordestinas.
O disco acerta, obviamente, na Duda Beatização de Juliette, característica que pode ser percebida logo na primeira faixa, “Sai Da Frente”. Outro destaque são as parcerias, como “Nós Dois Depois”, com Dilsinho, e “Não Sou De Falar De Amor”, com João Gomes — eles combinam pra caramba. “Quase Não Namoro”, com Marina Sena, faz parte da tentativa, mas é horrível por si só.
Das faixas solo, “Beija Eu” talvez seja a melhor. Copiando o título de uma das melhores músicas da MPB, “Beija Eu”, da babilônica Marisa Monte, a música empresta algo de ANAVITÓRIA para soar vocalmente confortável. É cafona, mas funciona na voz quase apática de Juliette.
Ciclone erra, entretanto, ao parecer muito modulado. É como se o álbum, assim como o EP anterior, saísse de um ponto de ebulição provocado por um compositor, um produtor e um profissional de mixagem que fica à mesa apenas observando tudo ao redor enquanto Juliette tenta replicar o que é passado para ela. Acho, aliás, que misturar o pop com elementos nordestinos ainda é um dos grandes acertos de qualquer artista hoje. Pena que boas intenções não bastam.
Selo: Rodamoinho
Formato: LP
Gênero: Pop / Forró