Crítica | INVU


★★★☆☆
3/5

Depois de contribuir para o Girls Generation sendo uma das integrantes mais notórias do grupo, Taeyeon logo partiu para carreira solo, e desde então, coleciona inúmeros sucessos. Em seus álbuns My Voice, de 2017, e Purpose, de 2019, ela explorou os próprios vocais, cantando baladas emocionantes de uma forma bastante única, algo que, posteriormente, tornaria-se a sua marca registrada. Agora, em INVU, seu terceiro disco, Taeyeon parece se distanciar do tom calmo e ameno pelo qual sempre se destacou, indo rumo a uma grande realização repleta de anseios da música pop, mesmo que, de certo modo, ainda se mantenha profunda nas composições e interpretações encantadoras.

Cantando sobre o amor — um tema frequentemente referido no K-pop —, Taeyeon parte de uma proposta um pouco diferente se comparado ao que estamos acostumados a ouvir. Ao invés de contemplar ou lamentar, ela resolve expor os dois lados da paixão ao mesmo tempo, tanto o positivo quanto o negativo. O resultado dessa ideia é uma peça musical fomentada de perspectivas e emoções convergentes, o que acaba dando muito certo.

Neste panorama, marcado pela dualidade de um único tema, Taeyeon consegue estabelecer um ponto de cruzamento extremamente interessante. Enquanto canta com emoção sobre o término de um relacionamento em “Some Nights”, ela logo se recupera e demonstra obstinação em superar aquilo que lhe deixou marcas, algo que pode ser observado na letra de “Set Myself On Fire”, que começa com a seguinte frase: “Eu estou bem em ficar sozinha”. No restante da música, Taeyeon ainda tenta encontrar um meio de fazer com que o seu relacionamento decole, como no trecho em que ela menciona o fato de colocar fogo em si mesma para fazer com que isso aconteça, pois, embora tenha sua independência, ela se sente vulnerável e, por vezes, insuficiente para com o seu parceiro. Essa mudança de humor é constante em todo disco. Desse jeito, os rumos tomados nas composições, soam profundamente conflitantes, o que, por sorte, não atrapalha em nada na mensagem que a intérprete busca transmitir.

Entretanto, a repetição dessa estrutura lírica, bem como o uso de uma sonoridade retrô no instrumental de grande parte das músicas, acabam tornando o disco excessivamente plano, sem muitas variações. Assim, o principal diferencial fica por conta de faixas como “Can’t Control Myself”, embalada por um pop-rock pra lá de anos 2000; “Siren”, marcada pelo uso de elementos inteligentes — além das sirenes —, os quais são perfeitos na mudança de atmosfera da obra; e por fim, “Cold As Hell”, canção que demonstra o verdadeiro potencial de Taeyeon em conseguir contrastar abordagens musicais diferentes. No caso, ela desponta na construção de uma excelente ponte, enquanto ruídos e distorções preenchem os espaços em que a sua voz, propositalmente, não alcança. Algo parecido já havia sido feito por ela antes, em “I Got Love”, uma das suas melhores músicas.

Por fim, a grande surpresa fica por conta de “Weekend”, faixa lançada com antecedência, a qual muitos fãs tinham receio de que a sua presença no projeto não fosse dar muito certo. Mas, felizmente, a música até combinou, principalmente por mesclar a pegada retrô que se estende ao longo de todo o disco. Dessa forma, em INVU, Taeyeon consegue provocar as mudanças necessárias em sua carreira, isso, sem deixar de lado a essência presente em todos os versos que ela canta com profundidade e, principalmente, com amor.

Selo: SM
Formato: LP
Gênero: Música do Leste e do Sudeste Asiático / K-Pop
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

Postagem Anterior Próxima Postagem