Crítica | My Story Got Stories


★★★☆☆
3/5

Bruiser Wolf é um rapper singular nos dias atuais, mas da forma mais banal possível. Todo o seu apelo está na sua voz cafona e seus flows que combinam um retorno ao estilo oitentista de rap com algumas tendências atuais no campo alternativo, presente nos estilos abstratos, atual gangsta e, principalmente, no drumless, gênero baseado em samples puros, com adições percussivas leves ou inexistentes.

A partir disso, no começo o único motivo para ouvir seu último álbum, My Story Got Stories, é esse conceito temporário e exótico, o que dá uma sensação de superficialidade imensa, mas conforme você adentra nele você encontrará faixas como “Let the Young Boys Eat”, “2 Bad”, “Dope Ain't Good”, “G’z & Hustlaz” e “Crack Cocaine”, e por volta da metade o real convite para continuar ouvindo-o fica claro: o Bruiser Wolf é hilário.

Para além de um cartunesco sem sal, o que o rapper faz é aproveitar muito bem sua excentricidade para explorar letras absurdas, ridículas e até vexaminosas, mas que instantaneamente provocam o riso, pois é impossível resistir ao conteúdo lírico e ao flow de desenho animado juntos. Entretanto, o disco não vai muito além disso, com beats ocasionalmente sublimes, mas normalmente apenas decentes, e várias faixas que não provocam o ouvinte nem pelo instrumental nem pela performance do Bruiser.

De qualquer forma, My Story Got Stories ainda permanece um experimento divertidíssimo, demonstrando uma ideia que, se puxada ao extremo, pode gerar um dos melhores e mais originais trabalhos da ala do hip hop influenciada por atos como Roc Marciano e o coletivo Griselda.

Selo: Bruiser Brigade, Fake Shore Drive
Formato: LP
Gêneros: Hip Hop / Gangsta Rap, Drumless
Sophi

Estudante, 18 anos. Encontrou no Aquele Tuim uma casa para publicar suas resenhas, especiais e críticas sobre as mais variadas formas de música. Faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica, Rap e Hip Hop.

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