Crítica | “Cinderella”


★★★☆☆
3/5

Após os maravilhosos Juno e I'm Allergic To Dogs!, Remi Wolf inicia sua próxima era com “Cinderella”, uma composição simples comparada a outras de sua autoria como “Photo ID”, mas que acerta em cheio na razão exposição para retração. A faixa é um símbolo de celebração do eu, da liberdade total de Remi, como mulher ou não, porém, ela mesma admite que sente uma insegurança inevitável enquanto demarca suas auto afirmações e festejos jubilosos. Esse jogo de sentimentos e aparências é tão convidativo quanto o instrumental semi caseiro e veranil, que resgata o sophisti-pop com a corda vibrante do bedroom pop de artistas como Mac DeMarco (que, inclusive, aparece no clipe da música).

Entretanto, há um grande problema na faixa que a impede de atingir o status de estrelato: a ausência de uma decisão forte da cantora. Não me leve a mal, os trompetes são sim irresistíveis, mas cadê o teor queer? A ressignificação através da subversão do passado é a melhor característica de Remi, a estética data mosh unida pela estranheza LGBT do bedroom pop com o camp do funk eletrônico, a combinação de Beck com Erykah Badu… cadê? “Cinderella” é muito segura para a cantora, mas não deixa de ser viciante, muito bem escrita e performada.

Selo: Island
Formato: Single
Gênero: R&B / Sophisti-Pop, Synth Funk, Bedroom Pop
Sophi

Estudante, 18 anos. Encontrou no Aquele Tuim uma casa para publicar suas resenhas, especiais e críticas sobre as mais variadas formas de música. Faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica, Rap e Hip Hop.

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