Crítica | the collective soul and unconscious: chapter one


★★★☆☆
3/5

Provocar sentimentos é uma das coisas mais brilhantes que o K-pop pode oferecer, seja a tristeza presente em baladas melancólicas, ou a felicidade que encontramos facilmente nas batidas aceleradas e vocais adocicados. Desse modo, podemos entender que tudo é feito e pensado para causar no público aquilo que os artistas buscam transmitir em suas músicas, mesmo que, muitas vezes, elas sejam tipicamente acessíveis ou distantes de uma profundidade a qual encontramos em outros estilos musicais. Assim, the collective soul and unconscious: chapter one, novo disco do grupo Billlie, acaba sendo um exemplo digno sobre como isso acontece. Mas, aqui, em especial, um sentimento é desenvolvido perfeitamente do início ao fim: a juventude.

Concentrando uma paleta musical repleta de sons dançantes, elas, para não perderem o ritmo, apostam em algumas tendências bem interessantes. A faixa-título, por exemplo, passeia entre o hyperpop e o electro já conhecido dos artistas sul-coreanos. Mas, talvez, a principal coisa dessa canção é a forma na qual as palavras rimam com as melodias construídas no estilo montanha-russa: uma subida ofegante e lenta, para depois vir a descida, que acontece sem freios e é movida à diversão. Esse drop fica ainda mais intenso na ponte, que, sem dúvidas, é o melhor momento de todo o disco.

Em seguida, “a sign ~ anonymous” funciona como uma quebra de ritmo. Mas, ao invés de se destoar da primeira faixa, algo que costumamos ver em muitos discos de K-pop, aqui, essa canção se encaixa adequadamente dentro do contexto da obra. “overlap (1/1)”, por sua vez, acrescenta outros pontos no sentido lírico da juventude abordada pelo grupo. Além do som contagiante, a letra ainda brinca com alguns elementos bastante referidos no pop. Sobreposição e b-side, são duas palavras extraordinariamente usadas por elas para cantar sobre a instigante maneira de se relacionar. “M◐◑N palace” começa com o som delicado de uma caixinha de música, em seguida, uma voz de astronauta introduz batidas mais concentradas e um vocal aveludado. Então, a energia sonhadora, algo parecido com que o LOONA sempre se destacou, passa a ocupar todos os espaços. Nesse caminho, alguns elementos interessantes também são acrescentados, como o barulho de um número sendo discado no telefone.

Por fim, “believe”, encerra o disco de uma forma intensamente apaixonante. Além de conter uma fusão de todos os sons experimentados ao longo da obra, a faixa também condiciona os excelentes aspectos da juventude. No final de um dia difícil e cansativo, imaginar um amanhã cheio de felicidade é um esforço que todos devemos fazer para não deixar de acreditar em um futuro melhor, máxima essa que é abordada na letra da canção. the collective soul and unconscious: chapter one é uma deliciosa coleção de sentimentos que só o K-pop pode transmitir, principalmente, quando um grupo como o Billlie se propõe em tornar isso realidade e, felizmente, elas, conseguem.

Selo: MYSTIC STORY
Formato: EP
Gênero: Música do Leste e do Sudeste Asiático / K-Pop
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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