Crítica | ABOMINATION



★★★☆☆
3/5

“Não te deitarás com um homem como com uma mulher, é uma abominação.” - Levítico 22;18. Está na Bíblia. É profético. É real. Ou talvez pareça ser. Mas se for, é melhor que seja como ABOMINATION, de Lynks. Robusto, o álbum poderia até ser um ato emancipatório cujos gays ao redor do mundo o escolheriam como base para seus pensamentos e ações. Mas, em vez disso, o trabalho caminha para o ativismo hedonista, buscando a liberdade através de uma lente mais acessível que atinge parcialmente as referências do electroclash e do synth punk.

“I go to a bar / Then I go to another / And fill my SIM card up with hot boys’ number / Any age, language, size, type or colour”, canta ele em “USE IT OR LOSE IT”, faixa que imprime desperdício zero no ato de procurar sexo casual ou um encontro que, na manhã seguinte, você esquece que teve (“NEW BOYFRIEND”). Claro que esses momentos são interessantes porque são bombeados com uma sonoridade quase vintage, mas Lynks é tão atual, que seria um erro pensar que sua música não é, acima de tudo, uma apropriação daquilo que pessoas LGBTQIA+ sempre ouviram independentemente de como a sociedade moderna parece ser e evoluir.

Mas esta não é apenas uma obra que tem o neologismo do termo abominação como mantra das festividades do seu estilo clube. É um álbum que se repete várias vezes, mas que encontra a ganância na repetição — aqui, nada se abomina ou é abominável, exceto a persuasão de Lynks em nos convencer da sua viagem aos cantos mais sedutores do pop.

Selo: Heavenly
Formato: LP
Gênero: Pop / Electroclash, Synth Punk
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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