Crítica | Amor Delírio



★★★½

Muita coisa mudou desde o último trabalho de Papisa, mas a aura sonhadora que gira em torno de sua obra continua a mesma.

Amor Delírio, de Papisa (Rita Oliva), sucede o excelente Fenda, de 2019. De lá para cá muita coisa mudou, mas a aura sonhadora que gira em torno da obra da artista continua a mesma. Desta vez, tudo é mais sucinto na temática e mais compacto no formato: o disco tem apenas 28 minutos de duração.

Mas é um tempo tão bem gasto, que não há espaço para desperdício, mesmo na sua órbita de reconciliação entre os pares do passado e do presente no que se refere a este tipo de som na cena brasileira. Vale destacar também a forma como Papisa combina seus elementos-chave para dar vida às suas novas criações, como o violão sonolento de “Apesar”, e a produção empoeirada de “Melhor Assim”, “Vento” e “Fronteira”.

Na faixa-título, “Amor Delírio”, Papisa canta sobre encontros, ao mesmo tempo em que se encontra com Luiza Lian para um dueto que exala paixão. Na música, as duas artistas uniram o melhor uma da outra, é mais que uma parceria: é o ponto alto do trabalho.

E, assim como começa e termina, Amor Delírio define muito a todo momento o seu som, há uma psicodelia percorrendo o indie rock enquanto o lirismo usa uma combinação direta de amor que mescla, em certos instantes, português e inglês como parte essencial dessa construção de ambientes confortáveis e aconchegantes (“Vai Passar”), algo que é feito sem maiores complicações.

Selo: Tratore
Formato: LP
Gênero: Pós-MPB / Indie Rock
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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