Crítica | BABYMONS7ER



★★☆☆☆
2/5

Diante de diversas promessas e anos de adiamento, BABYMONSTER finalmente faz a sua aparição inicial no mercado com “BATTER UP” em 2023, mas como o resultado não foi o esperado, a empresa passou a fingir que era apenas um projeto de “pré-estreia”, ainda mais pelo fato da integrante mais popular — até o momento — não estar presente na faixa. Então, no primeiro dia de abril, com os sete membros, o primeiro EP do grupo, intitulado BABYMONS7ER, é lançado. E realmente parece pegadinha do dia da mentira.

Com uma faixa introdutória de apenas 44 segundos, que lembra algo retirado da trilha sonora de um vilão de desenho animado, as portas do projeto se abrem. “MONSTER” é uma coisa que dificilmente dá para descrever, já que a vergonha atinge de um modo inexplicável.

A faixa apontada como verdadeira estreia do grupo, “SHEESH”, é a mesma fórmula que a empresa já repetiu em diversos lançamentos: o refrão com onomatopeia e poucas frases; batidas eletrônicas misturadas com trap que lembram um picolé de chuchu; e uma forte presença do potencial rap de algumas integrantes. O fim da canção é a coisa mais xoxa que a YG Entertainment poderia trazer, causando frustração e desinteresse extremos. Os produtores sempre souberam — ou ao menos tentaram — compensar a falta de elementos no refrão das canções com uma outra bem diversa e impactante, só que aqui, foi um deslize enorme.

Depois da AHYEON se destacar e viralizar com um cover de “Dangerously”, de Charlie Puth, o cantor e compositor presenteou o grupo com uma canção, mas com um tipo de presente deste… A música é suave ao ponto de chegar ao tédio, nada dela consegue cativar o ouvinte. Um ponto que talvez deva ser destacado é que ela foge das fórmulas comuns da YG, mas ainda soa sem impacto.

Se “Stuck In The Middle” já era ruim, no contexto do EP, ela conseguiu ficar pior. O single soa preguiçoso, sem alma e sem qualquer emoção. A produção musical é simples e genérica; é apenas uma base de piano e nada além disso. Teria uma premissa melhor se enfatizasse o talento do grupo e se esforçasse para trazer coisas que, além de poder combinar com o som da YG, pudessem soar novas e atrair um público que gosta das músicas, e não porque são um grupo da mesma casa. do BLACKPINK ou saber que as idols têm potencial — mas que não são aproveitados da maneira correta. E apenas uma observação: o remix da canção conseguiu ser pior do que a versão original.

A faixa da pseudo estreia do grupo aparece, e por mais que não seja algo extraordinário, ela consegue se destacar e parecer mais interessante do que o EP todo. A nova produção com as sete vozes não é algo que faz tanta diferença, mas em alguns momentos, há um brilho certeiro que o grupo todo consegue reproduzir. “BATTER UP” é, literalmente, o contrário da faixa-título. Enquanto “SHEESH” consegue ter uma desenvoltura aceitável em seus versos e peca no fim, o single consegue pecar um pouco no ritmo, mas o outro explosivo consegue elevar os ânimos, que estavam bem baixos.

E encerrando com mais uma faixa que havia sido apresentada antes, “DREAM” é uma balada com uma postura e presença maior que a outra do EP. Ela, mesmo que simples, consegue traçar uma linha de personalidade e trazer um diferencial ao grupo. É uma canção que poderia ser mais interessante se não estivesse em um projeto como esse.

A cada dia que passa, a YG Entertainment, uma das maiores empresas de entretenimento da Coreia do Sul, comete os mesmos erros, só que em escalas catastróficas de forma crescente. E esse projeto é a prova mais pura disso. Com 7 anos de intervalo entre as estreias dos seus 3 grupos femininos principais — 2NE1 em 2009, BLACKPINK em 2016, e agora BABYMONSTER em 2023-2024 —, os produtores não parecem mais saber o que experimentar.

Um dos maiores erros da YG é querer enfiar a identidade da empresa goela abaixo de seus grupos. Seria algo de extrema importância saber separar a personalidade dos artistas com o dos produtores e empresários. Essa sonoridade foi construída anos antes com 2NE1 e BIGBANG, por isso que neles tudo soa autêntico e cheio de alma, porque nasceu desses grupos, e com um apoio e reconhecimento financeiro extremo, isso acabou respingando em todos os outros projetos que vieram depois das marcas absurdas deles.

Caso a YG e seus produtores não comecem a perceber isso, o grupo vai soar tão desinteressante quanto o TREASURE que teve uma trajetória bem similar com a do BABYMONSTER. Mas eu diria que é difícil isso acontecer, já que os grupos conseguem ter uma base de fãs sólida apenas por ser grupo da empresa e eles irão consumir qualquer coisa que for lançada por todos eles, mesmo que o desempenho na Coreia do Sul não seja aceitável.

No fim das contas, BABYMONS7ER é um projeto apático, desinteressante e completamente decepcionante. Por mais que você acabe esperando o mesmo de sempre, ele ainda vai ser uma decepção por ser o mesmo de sempre.

Selo: YG
Formato: EP
Gênero: Música do Leste e Sudeste Asiático / K-Pop, Dance
João Vitor

20 anos, nascido no interior da Bahia e graduando em Ciências da Computação. Faz parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático no site Aquele Tuim.

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