Crítica | Compassion



★★★☆☆
3/5

Desconstruir narrativas atuais não é uma tarefa fácil, pois envolve algo muito além da descrição do momento que vivemos. Compassion, de Vijay Iyer, tem como foco a construção de uma exposição pessoal de seu autor sobre tempos de guerra, pós-pandemia e a importância da arte no meio de tudo isso.

Além de ampliar seus horizontes em relação à política impressa em suas composições, Vijay também conta com a ajuda da baixista Linda May Han Oh e do baterista de classe, Tyshawn Sorey, para aguçar o som incrivelmente delicado cujo álbum, e seus longos minutos, superam as expectativas do ouvinte.

É interessante notar que, para criar mais do que uma história, mas sim a memória daquilo que ainda nem envelheceu, os artistas passam por literalidades conceituais, como em “Tempest”, peça em que os instrumentais não exigem linearidade e parecem duelar para ver quem parece mais confuso e rebelde — e o resultado é tão surpreendente quanto se poderia imaginar.

Essa baixa aderência ao comum também pode ser percebida em “Nonaah”, faixa que evoca as raízes do jazz espiritual com suas veias livres, dançando em uma sequência menos que exata de sentidos, sendo melhor vista como um componente da sucessão de “Where I Am”, que propõe ainda mais reflexões sobre a figura humana diante das transformações, positivas e negativas, às quais estamos condenados na atualidade. É épico.

Selo: ECM
Formato: LP
Gênero: Jazz / Jazz Espiritual
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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