Crítica | Fireworks & Rollerblades


★☆☆☆☆
1/5

A história que precedeu a popularização do cantor por trás do maior sucesso de 2024 até então, “Beautiful Things”, é bastante interessante, mais do que o seu próprio álbum, Fireworks & Rollerblades, lançado na última sexta-feira (05). Em 2021, Benson Boone entrou para o American Idol, tendo começado a cantar há apenas um ano. No entanto, este não é o ponto mais surpreendente. Mesmo tendo conseguido entrar na competição, com a própria Katy Perry, uma das juradas, apostando nele como o futuro vencedor daquela edição, ele decidiu desistir do prêmio, pois não queria ser reconhecido apenas como um dos vencedores do reality.

E assim o fez, abriu mão de tudo aquilo e deu início a sua carreira na música. Entretanto, ainda que essa tenha sido uma decisão bastante ousada de sua parte, nada além disso pareceu, ou melhor, soou tão ousado quanto. Visto que, enquanto músico, Boone não toma nenhum risco e joga de forma tão segura quanto uma criança.

Todo o Fireworks & Rollerblades poderia ser resumido a uma coletânea de canções genéricas de pop rock, cuja única alternância que possui é a ida e volta de baladas lancinantes de piano, ganchos fracos e uma sucessão de melodias de guitarra, baixo e bateria óbvias e desinteressantes. Nesse álbum, Benson não se arriscou em nada. Não tentou fazer nada diferente do que ouvimos repetidas vezes em “Beautiful Things”, apenas replicou a mesma fórmula, na esperança de emplacar outra música dentro do Top 10 do Spotify Mundial.

A fim de entender como alguém tão enfastiante quanto Benson Boone obteve números tão impressionantes nas plataformas digitais, eu pensei muito e a única razão pela qual eu consegui imaginar que tenha conseguido tudo isso fazendo tão pouco e mal feito é que suas músicas, por serem tão desprovidas de personalidade, são facilmente consumíveis para o público. E, além disso, sua imagem, a de um jovem rapaz, atlético, branco e de olhos azuis, contribui para que consiga vender seu material em larga escala com muita facilidade. Afinal, não seria a primeira e nem última vez que vemos alguém extremamente privilegiado usufruir de suas vantagens em relação aos demais.

Acredito veementemente que isso seja verdade porque, nestes exatos termos, Boone não consegue se destacar em nada no que faz. Há quem diga que o mesmo possui uma voz bonita. Não estou aqui para discutir gosto, no fim das contas, todos temos as nossas próprias opiniões. Entretanto, a partir da minha perspectiva, Benson não possui a técnica necessária para atingir as notas altas para as quais tanto apela em suas canções sem que imprima demasiada força. E o que acontece quando nós forçamos a nossa voz? Nós gritamos, e é isso que Benson faz quase que o tempo todo em Fireworks & Rollerblades. E enquanto compositor, o jovem não é nada de especial. As suas composições são tão profundas quanto uma piscina infantil. “The Greatest Fear” é um ótimo exemplo disso. Nossa, que genial! Ele fala que o maior medo dele é morrer, pois perderá a sua amada. Nunca vi ninguém cantar sobre isso dessa forma antes…

Enfim, tudo que concluímos ao terminarmos de ouvir Fireworks & Rollerblades é o quão fácil é a vida de quem gabaritou todos os privilégios existentes ao nascer. Quem dera se qualquer um pudesse chegar ao estrelato entregando menos que o mínimo desse jeito. Porém, infelizmente, querer não é poder. É de conhecimento geral que a vida não é fácil, é difícil… Não para todos, porém isso é já de se esperar. Além de difícil, a vida também é muito injusta.

Selo: Warner
Formato: LP
Gênero: Pop / Pop Rock
Bruno do Nascimento

Sou Bruno, tenho 18 anos, sou autista, paraibano, escritor e estou terminando o Ensino Médio. Amo escrever e comentar sobre música onde passo, inclusive no Aquele Tuim, em que faço parte da curadoria de Música Brasileira e Pop.

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