Crítica | Letter To Yu



★★★☆☆
3/5

O maior esforço de Bolis Pupul em Letter To Yu é explorar a casualidade de suas raízes enquanto prepara uma recompensa poderosa para quem segue seu caminho através de peças dançantes de sintetizadores e vocalizações divertidas.

Em “Completely Half”, por exemplo, o revestimento puramente divertido que combina um lirismo descontraído parece dar origem à busca do produtor pela sua jornada pessoal. Há, em todos os momentos, uma mistura entre ganchos eletrônicos inspirados no electro e no house, que demarcam o espaço europeu que Bolis ocupa, sendo a sua exploração decorrente de pesquisas centradas no contexto de Hong Kong — versos cantados em cantonês e arranjos folclóricos tradicionais.

Toda a fixação do artista no seu objeto de abordagem linguística e musical, Hong Kong, deve-se ao desejo de mergulhar na bagagem infinita que a província chinesa oferece, pois ali vive a memória da sua mãe, falecida em 2008.

É importante notar que, apesar de manter um contato distante com a vida e os costumes que prevalecem nas suas raízes acima mencionadas, Bolis tenta fazer mais do que uma homenagem, mas sim criar um sentimento de pertencimento que lhe foi, devido à sua própria perspectiva de experiência migratória, negligenciada. E não há melhor forma de o fazer do que não optar pela universalidade da música eletrônica.

Selo: Deewee
Formato: LP
Gênero: Eletrônica / Eletro House
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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