Crítica | “TL;DR”


★★★★☆
4/5

A Drain Gang se diverte muito fazendo música — é gritante. Em um mundo dominado pelo streaming, pela necessidade aparentemente fisiológica de provar a si mesmo através do mérito artístico arduamente alcançado; em um mundo tão, mas tão sério que todos os pontos em um mapa precisam ter coordenadas, a casualidade de Bladee, Ecco2k e Thaiboy Digital brilha como um raio de sol que atravessa uma lupa. À primeira vista, a posição dessa música em primeiro lugar é uma piada. Entretanto, convido-os ao seu maior trunfo: ela entra por um ouvido e sai pelo outro.

Em outros artistas, isso seria categorizado como “entediante”, pois o esperado de um músico é o empenho máximo para compor um marco artístico gigantesco de sua carreira; para muitos, a música é uma forma de ganhar e aumentar o ego. Na Drain Gang, essa qualidade tem um simbolismo de rejeição ao épico, rejeição ao exagero, à formulação, ao programado; conclui-se que é o epítome da arte livre. “TL;DR” apresenta melodias extremamente suaves, ritmos quase fantasmas e refrões que quase não prendem na cabeça — na verdade, a música inteira é quase um refrão —, ou seja, é uma reunião de quases. É um quase-equilíbrio do hip hop com o alternativo — este com sua popificação basilar —, é unicamente um hino aos ouvintes LGBTs do trio e uma das melhores músicas deste.

Selo: Trash Island
Formato: Single
Gênero: Hip Hop / Dark Plugg, Cloud Rap
Sophi

Estudante, 18 anos. Encontrou no Aquele Tuim uma casa para publicar suas resenhas, especiais e críticas sobre as mais variadas formas de música. Faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica, Rap e Hip Hop.

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