Crítica | Valerie



★★★☆☆
3/5

O ponto central que justifica todo o trabalho de Tei Shi, cantora colombiana-canadense, é seu amor pelo pop e como ele a move rotineiramente. Seus lançamentos recentes, os EPs Die 4 Ur Love, de 2020, e Bad Premonition, de 2023, resumem muito bem a forma e o modo como a artista articula seu som — eram rápidos demais.

Valerie, por outro lado, não só soa mais completo e complexo como forma, mas também é definitivamente o melhor disco que a artista lançou desde Crawl Space, de 2017. Nele, Tei Shi mantém sua devoção ao pop, mas o faz misturando-o com suas raízes hispanófonas ao passo que submerge uma dúzia de sons mais interessantes do que apenas o synthpop seco e planificado ao qual fez referência no passado.

Parte desse êxito vem da atitude da artista de usar o espanhol como recurso estilístico para músicas que ganham maior dosagem de ritmo (“QQ QUÉDATE QUERIENDOME” e “No Falta”), mas também de misturar sons que não correspondem tanto às suas origens (“Shooting Star” e “FAMILIAR”). Nesse meio termo entre o pop latino e o pop eletrônico, o R&B ganha espaço (“You Go (I’ll Go)” e “Valerie”) abrangendo uma significância maior do que é tendência — um aceno à onda Y2K.

Há, porém, a impressão de que músicas cujo título é espanhol logo recebem um tratamento estilizado e se voltam para batidas latinas, como “¿QUIÉN TE MANDA?”. Mesmo sendo uma certa padronização, o resultado em si está longe de desagradar, da mesma forma que “MONA LISA” e todo esse posicionamento que remonta aos anos 2000. Valerie é a bagunça de Tei Shi, desta vez melhor executada do que antes.

Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: Pop / R&B Alternativo
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

Postagem Anterior Próxima Postagem