Crítica | WE DON'T TRUST YOU


★★★☆☆
3/5

Estamos em um momento em que os fãs de trap promocional estão ficando sem paciência para certas pataquadas. Reclamam mais e mais das durações exageradas dos álbuns, da reciclagem de ideias e beats, da preguiça dos rappers e dos produtores em criar algo excitante e outros fatores que tornam um álbum de trap morbidamente tedioso. Ainda assim, impressionantemente, Future não faz nada para mudar seus discos.

Preso à fama de alguns de seus hits e de seus álbuns de 2017 para baixo, o rapper vem caçando formas de emplacar músicas sem ter o mínimo de pensamento crítico sobre sua arte. Não tenta sair de sua zona de conforto — na verdade, ele forçosamente se enfiou em uma —, não tenta nem exagerar seus traços, apenas reproduz fórmulas enfadonhas e mesquinhas, mas, apesar de tudo, ele ainda tem uma legião de fãs e faz números surpreendentes.

Entretanto, se Future é tão tedioso assim, o que faz o disco se destacar em meio aos seus outros trabalhos? E não haveria resposta mais óbvia: Metro Boomin. Com uma utilização de referências do pop rap que poucos tem atualmente, a produção de Metro Boomin é cristalina em sua obviedade pop, mas também utiliza de samples com uma técnica que só artistas como Kanye West e Timbaland têm. É adorável, as paletas do trap que são ligeiramente resignificadas, influências do cloud rap e do memphis, além do estilo de composição melódica própria do produtor, que é facilmente identificável. A sua melhor tag é a própria sonoridade.

Dessa forma, ouvir WE DON'T TRUST YOU do início ao fim se torna menos entediante, com algumas surpresas maravilhosas como “Like That”, “Type Shit” e “Seen it All”, mas não tem produção que salve os sonambulismos de Future, muito menos que faça sua misoginia datada ter algum sentido em 2024.

Selo: Boominati Worldwide, Epic, Freebandz, Republic
Formato: LP
Gênero: Hip Hop / Trap, Pop Rap
Sophi

Estudante, 18 anos. Encontrou no Aquele Tuim uma casa para publicar suas resenhas, especiais e críticas sobre as mais variadas formas de música. Faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica, Rap e Hip Hop.

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