E se a Taylor Swift virasse um porco?


O que aconteceria se a grandiosa artista pop e emissora de carbono, durante seu sono, se transformasse em um porco?

Taylor Swift, após horas afinco chicoteando seus escritores, dorme, todo dia, em uma de suas dezenas de casas espalhadas pelos Estados Unidos. Enquanto namora, vai, com um de seus jatinhos, até a casa mais próxima de seu atual namoro-álbum. Deita na cama, rola nos cobertores por uns minutos, lembra de notificar sua equipe jurídica sobre como abordar os processos da ex-gravadora e ex-namorados e, ao mesmo tempo, sobre lembrar de discutir qual polêmica será a base de seu próximo rollout… até que, enfim, desmaia.

Mas e se, durante esse ciclo, a Taylor, repentinamente, sem nenhum aviso prévio, nenhuma espécie sequer de indício, se transformasse em um porco? Sim, um porco, aqueles que fazem oinc oinc, os que moram na fazenda. Achariam-na na cama com as orelhas bem rosadas e as patinhas bem curtinhas. Talvez o namorado, ou quem sabe Jack Antonoff, mas não importa, o que verdadeiramente importa é que isso iria parar o mundo… certo?

É natural que seja o caso, afinal, ela é uma das maiores figuras públicas que já pisaram na nossa extensa superfície terrestre, uma transmutação sem mais nem menos definitivamente causaria alguma espécie de reação. De certo o governo estadunidense faria testes intermináveis, não? De certo a audiência que ama a loirinha de cílios postiços estaria em completo choque, não? De certo iriam tratá-la como morta e passariam a começar a rodada de discos póstumos, não?

Não, é a Taylor Swift. Óbvio que entraria em turnê. Na verdade, é muito provável que absolutamente nada fosse mudar. A fofíssima porquinha logo estaria exibindo seu charme resplandecente no meio dos palcos — com playback, é claro — enquanto usa um colant rosa e, quem sabe, enquanto rebola sensualmente conforme sua treinadora a instruiu. Seus escritores continuariam trabalhando, muito provavelmente iriam encontrar um porquinho galã e famoso para formar o casal do momento, músicas “novas” em estéticas “novas” surgiriam e a “Eras Tour: Pig’s Version” atrairia milhões de adolescentes através do globo. É óbvio, afinal, ela é a Taylor Swift.

Ainda iriam compará-la com outras artistas, ela ainda teria um colossal fandom, o Twitter teria uma legião de pessoas utilizando adoráveis icons da porquinha com mais streams do mundo — mais um título para sua coleção, talvez exibida ao público no Museu Swift. Não teria como controlar sua influência sobre a Terra… mas quem é ela? Se de Taylor Humana a Taylor Porca não há diferença, em que a identidade Taylor, em que seu fenômeno cultural inevitável, irrefutável e assustador se baseia? Quem está por trás de Taylor Swift?

Os porcos têm uma expectativa de vida menor que os humanos. Inevitavelmente, Taylor Swift morreria… a não ser que a CyberSwift seja criada e sua música e shows continuassem. Mas, a esse ponto, creio que eu superestimei a força da imagem, da identidade Taylor Swift. Ela, logicamente, seria substituída por um fenômeno que apelasse às adolescentes de classe média, de certo. De certo essa substituição seria tão fabricada pela estrutura hegemônica que existisse na época quanto a atual Swift é. De certo, nada mudaria.
Sophi

Estudante, 18 anos. Encontrou no Aquele Tuim uma casa para publicar suas resenhas, especiais e críticas sobre as mais variadas formas de música. Faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica, Rap e Hip Hop.

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