Opinião | Essa estratégia de lançar um disco e ocultar algumas faixas para serem trabalhadas posteriormente é ridícula.

Imagem: reprodução / Instagram

Novo álbum de Pabllo Vittar, Batidão Tropical 2, surge com três faixas ocultas... não precisava.

Os artistas pop sempre têm um talento especial para inventar moda — ou adaptar algo que já existe — para ganhar um certo diferencial em suas tão esperadas eras. Fazer um álbum, lançá-lo e divulgá-lo não é barato e nem parece ser (quando deveria) o básico.

É por isso que atualmente temos de tudo: cantoras excluindo todos os seus posts ou colocando todos os seus seguidores como amigos próximos no Instagram, bandas realizando um chá revelação para exibir a capa de um álbum e deixar os fãs ansiosos e assim por diante.

A novidade, mas nem tanto, é bastante complexa: consiste em lançar um álbum nas plataformas digitais e esconder algumas faixas para serem trabalhadas posteriormente, como singles ou coisas do tipo. Pode até parecer inofensivo, já que no pop já vimos de tudo quando o assunto é marketing.

Mas essa estratégia é tão ridícula, tão ridícula, que obviamente seria algo feito ou popularizado — pelo menos, graças a Deus, raramente vi em outro lugar ou tomei conhecimento — por Luísa Sonza, quando ela lançou seu disco Doce 22, de 2021. E, infelizmente, agora, Pabllo Vittar aderiu à mesma moda em Batidão Tropical 2.

Não é algo que apenas arruína a experiência do ouvinte, porque se você ouvir um álbum apenas para ter experiência, você está ouvindo errado. A música não tem maior obrigação, utilidade ou necessidade do que ser arte. E é exatamente aí que mora o problema: quando alguns de nós, que vemos a música de uma perspectiva diferente, nos deparamos com essa estratégia sendo colocada em prática, ficamos com uma estranha sensação...

Mas isso vale para quem gosta ou está acostumado a gostar de discos, LPs e álbuns porque representam um acessório mais completo a um determinado meio artístico. Mas como, responda-me, como você faz um julgamento de valor — analisando o conjunto da obra — com alguma coisa faltando? Você não faz.

Você é obrigado, sim, obrigado a ouvir e fingir que está tudo bem. Quando sabemos que não é, e não pela referida experiência arruinada, que também, não vamos ignorar, é algo que pesa bastante, mas porque muito já nos é tirado hoje em dia, e parece que mesmo assim não é o suficiente para este sistema (indústria)... Não precisava.
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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