Crítica | Perceive Its Beauty, Acknowledge Its Grace


★★★★☆
4/5

O música britânico Shabaka Hutchings, com o seu segundo álbum de estúdio, Perceive Its Beauty, Acknowledge Its Grace — lançado nessa última sexta-feira (12) —, busca ampliar a nossa percepção, para que vejamos com clareza tudo aquilo que é belo e tenhamos conhecimento de sua graciosidade, e sucedidamente o consegue fazer ao lado de nomes de renome da música moderna.

Dessa vez, com a substituição de seu característico saxofone para sons soprosos da flauta, Shabaka conduz o ouvinte numa viagem transcendental até as regiões mais íntimas do seu ser, se abstendo de se expressar a partir de palavras, apenas as utilizando como um instrumento complementar de algumas das melodias compostas, como em “Kiss Me Before I Forget” (parceria de Hutchings com a cantora Lianne La Havas) ou “Insecurities” (juntamente de Moses Sumney). Os vocais singelos dos artistas convidados são inseridos na música como uma suave pincelada de cor, que juntamente de várias outras, compõem uma obra de arte majestosa.

Outra característica predominante em Perceive Its Beauty, Acknowledge Its Grace é a inspiração tomada na música ambiente, que se evidencia na estupenda colaboração de Shabaka com Floating Points e Laraaji, “I’ll Do Whatever You Want”. A experiência dos músicos convidados por Hutchings no gênero e a visão criativa única dele culminaram numa faixa brilhante e única de jazz, new age e progressive electronic. E, outra característica, também, é o apreço do artista pela África e sua cultura. A todo momento podemos sentir sua paixão transbordar das notas tocadas pelos instrumentos e o entoar de sua poesia, o que torna a experiência sublime.

Outras canções que contribuem para magnificência do disco são “As the Planets and the Stars Collapse” e “The Wounded Need to Be Replenished”, em que a flauta de Hutchings nos faz refletir sobre o estar vivo com seu esplendor, e “Living” — com participação de Eska Mtungwazi, cantora-compositora britânica.

Com isso, Perceive Its Beauty, Acknowledge Its Grace se define como um dos melhores e mais indispensáveis álbuns do ano, não apenas por sua evidente alta qualidade, mas por se tratar de uma interação muito especial entre a música africana e a música ambiente, que apenas a contemporaneidade e suas mentes criativas poderiam fazer acontecer.

Selo: Impulse!
Formato: LP
Gênero: Jazz / New Age, Jazz Espiritual, Eletrônica Progressiva
Bruno do Nascimento

Sou Bruno, tenho 18 anos, sou autista, paraibano, escritor e estou terminando o Ensino Médio. Amo escrever e comentar sobre música onde passo, inclusive no Aquele Tuim, em que faço parte da curadoria de Música Brasileira e Pop.

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