★½
Indo do nada ao lugar nenhum, faixas inéditas apenas reiteram o quão pretensioso e superficial é o terceiro disco de Luísa Sonza.
Falar de Luísa Sonza, enquanto artista, sem que isso transborde a esfera pessoal, é um enorme desafio. Em poucos anos de carreira, não foram poucas as situações em que a cantora teve sua intimidade publicizada. De relacionamentos conturbados a problemas na justiça, a imensa repercussão de cada passo dado por Sonza impactou significativamente o âmbito profissional de sua vida. Se antes seu repertório era composto, basicamente, por música pop pasteurizada sem muito a dizer ou mostrar, logo adquiriu novos contornos ou, pelo menos, é disso que Luísa tenta nos convencer.
No auge de sua pretensiosidade artística, surge o Escândalo Íntimo, álbum confuso, disperso e repleto de excessos. Nove meses depois de seu lançamento, quatro novas faixas são disponibilizadas pela cantora. “Bêbada Favorita”, com a dupla sertaneja Maiara & Maraisa, é constrangedora e vai do nada ao lugar nenhum. “Sagrado Profano”, tem participação do rapper KayBlack e é um pop-R&B esquecível, mas que ao menos funciona dentro do esperado. As duas restantes, “O Amor Tem Dessas (e é melhor assim)”, que interpola “Você Me Vira A Cabeça (Me Tira Do Sério)”, de Alcione, e “You Don’t Know Me”, regravação da música de Caetano Veloso em um dueto com o próprio, nos levam a questionar qual o grande propósito desse disco, se é que há um, além de massagear o ego de Luísa Sonza.
A cantora, em mais uma tentativa de persuadir a si mesma e ao público de que há muito a dizer a respeito de sua vida pessoal, adiciona quatro músicas a um disco que já era inchado e pedante. É difícil acreditar que a maioria dos artistas pop sustentariam um álbum de 24 faixas sem, inevitavelmente, se repetirem. Com Sonza, não é diferente. O resultado não poderia ser mais cansativo e desesperado.
Selo: Sony Music Entertainment Brasil
Formato: LP
Gênero: Pop / Música Brasileira