Crítica | Língua


★★★½

É um disco que confere à língua significados para além da sua anatomia, e isso é suficiente para compreender como o artista procura desenvolver e entrelaçar os seus temas.

O novo álbum de Barro, Língua, se divide entre o antigo e o novo, o atual e o ultrapassado (e futurista) numa mistura que vai além de apenas referências às múltiplas manifestações da música brasileira. É um disco que confere à língua significados para além da sua anatomia, e isso é suficiente para compreender como o artista procura desenvolver e entrelaçar os seus temas. Desde abordagens mais difusas à própria linha de criação situada em acordes e melodias que emprestam percussão com violão e andamento médio (“Deixa Acender” e “Cobra Corta Caminho”); até momentos como “Me Ter”, cuja batida do funk é contrastada com um vocal lento e suave, responsável por dar gás à ideia de Barro em trilhar algo próprio, quase se opondo a qualquer sinal de tradicionalidade que lhe é imposta. É uma veia interessante para a intenção pop que os refrões aqui visam — mesmo que tudo seja muito bonito, simpático e às vezes monótono demais.

Selo: Zelo + Barro
Formato: LP
Gênero: Pop / Música Brasileira
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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