Crítica | “Agulha - Levito/Exalo”


★★★★☆
4/5

Há, em “Agulha”, uma verdadeira sutura entre o ritmo e a letra, como se ambos criassem a condução exata em que os 44 segundos iniciais, à la “Black Lake”, de Björk, parecessem corresponder ao arrastar lento e etéreo da combinação de todos elementos apontados pela idiossincrasia pop do artista. No refrão, a multiplicação de batidas seguidas de vocais modificados e repetitivos movem-se em busca da calmaria do início, ao modo desta ser a razão pela qual cada parcela de som aqui é sustentada. Seus momentos lentos enchem o coração, cada suspiro é um aceno às palavras cuidadosamente posicionadas por seu autor. Talvez seja o ancoradouro perfeito onde Depratie possa se estabelecer.

Já “Levito/Exalo”, mais pop e mais sensual, permanece na superfície de sua antecessora. É divertida, mas para uma faixa com flexões pop, mantém-se comum e na indolência o tempo todo. Nela, o próprio conjunto lírico e vocal parece se expandir para compor o oposto dos acertos de “Agulha”. Não existe uma ambiência prodigiosa, não existe uma estética tão precisa em soar ostensiva — e é por isso que não se destaca tanto.

Selo: Independente
Formato: Single
Gênero: Pop / Eletrônica
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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