Crítica | Gemelo


★★★½

Porque dois é maior que um: Angélica Garcia procura duplicar tudo o que pode em Gemelo.

Gemelo — “gêmeo” em espanhol — é a fixação de Angélica Garcia, cantora americana de raízes mexicanas e salvadorenhas, que utiliza o espanhol no lugar do inglês e a produção pop em contraste de sons mais eletrônicos como forma de provar sua dualidade. Na verdade, é possível perceber a presença de campos dualistas em todo o álbum, não apenas no que se refere à linguagem ou às tradições musicais.

Angélica compõe sobre uma infinidade de temas, que vão da religião à ancestralidade, tudo conforme exige sua necessidade de se evidenciar como uma figura original. Enquanto a primeira parte do álbum recorre ao arranjo pop comum, até mesmo padrão, com sequenciadores espaçosos (“Color De Dolor”, “Juanita” e “Mírame”), além de elementos de rock (“Y Grito”), a segunda parte parece invocar uma espécie de desconstrução estilística do pop progressivo, com gritos, ganchos pesados e uma forte indolência.

Funciona tanto, que se torna o ponto crucial desta consideração sempre demarcada por duas direções criativas diferentes— e não há dúvida de que as primeiras (espanhol em vez de inglês, eletrônica em vez de pop e a segunda metade em vez da primeira) são sempre as melhores escolhas do que as segundas.

Selo: Partisan Records
Formato: LP
Gênero: Pop / Alt-Pop
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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