Crítica | HEAT


★★★★☆
4/5

Assim como outras cantoras do pop alternativo que surgiram na última década, como Lorde e Charli XCX, Tove Lo tem garantido seu espaço em um nicho que a abraça e que espera por seus novos trabalhos. Em 2022, a artista sueca lançou Dirt Femme, que potencializou seu dom de composição e produção de canções reflexivas para as pistas de dança. Músicas como “No One Dies for Love” e “Call on Me” são hinos pop eletrônicos que elevam a alma de qualquer um, seja com fones de ouvido ou no front de uma festa. Especialmente “Call on Me”, na qual Lo firmou a parceria com o produtor britânico de dance music, SG Lewis.

HEAT, EP colaborativo de quatro faixas assinado por ambos, é uma continuação da efervescência house das faixas do último trabalho de Tove Lo. Mas que vai além disso, pois abraça de vez o hedonismo do estilo eletrônico, mais especificamente a euro house. O sub-gênero sempre esteve abraçado a comunidade LGBTQIA+ e suas festas libertadoras, com canções como “Show Me Love” de Robin S e, recentemente, “It Goes Like (Nanana)” de Peggy Gou.

O material começa com o pé na porta, com a faixa-título, “HEAT”, sim, uma fritação sem precedentes. A canção tem direito a breakbeats e a linhas de baixo influenciadas pela acid house dos anos 1980. Seguida disso, “Let me go OH OH”, a segunda faixa, é a mais semelhante ao último álbum de Tove Lo, Dirt Femme, por seus sintetizadores distorcidos e batidas pulsantes, próximos ao electropop.

“Busy Girl” é uma homenagem à comunidade Queer, por suas letras empoderadas, junto de rimas próximas ao estilo ballroom. “I got skills, I got power / Every second, minute hour / I am good at what I do / Bitch, I’m better than you” é o refrão, que esbanja opulência. HEAT encerra com “Desire”, um hino nostálgico a eurodance, com letras nos padrões sensuais, porém naturais de Tove Lo. A artista entrega vocais no nível de divas da música trance.

As canções do EP, apesar de curtas e que despertam no ouvinte o desejo por mais, trazem a satisfação de um trabalho direto ao ponto. Não há enrolações como de álbuns anteriores de Tove Lo, como Sunshine Kitty. A impressão é um material sucinto, porém enérgico, e se destaca na discografia tanto de Tove Lo quanto de SG Lewis. É um acerto em cheio por sua frontalidade e auto-consciência enquanto um presente à comunidade LGBTQIA+, em pleno mês do orgulho. HEAT é um triunfo para as pistas de dança, com quatro “bangers” sem barrigas, favorecidas pelo curto espaço de um EP. Assim como é um triunfo para a carreira de Tove Lo, sendo este o seu melhor trabalho até então.

Selo: Pretty Swede
Formato: EP
Gênero: Pop / Eletrônica, Dance-Pop, Euro House
Vinicius Corrêa

Estudante de Jornalismo, 22anos. É colunista da Agência UVA e apaixonado por música. Faz parte da curadoria de Experimental, Eletrônica e Funk e Folk e Country do Aquele Tuim.

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