Crítica | Life Cycle Waves


★★★★☆
4/5

Honestamente, não há nada que possa prepará-lo para Life Cycle Waves. RamonPang, desde Nature System, de 2021, vem coletando essa coisa interdimensional, com ambientes voltados para internet e samples que funcionam como verdadeiros socos que ele desfere através de seu IDM que se fragmenta em mil estações harmônicas. A todo momento, harpas (“Run Algae”) e amostras vocais, no melhor estilo nightcore (“Deze”), surpreendem como parte da intransigência do produtor em nunca finalizar suas linhas melódicas. É como se cada segundo de música fosse pensado para sofrer interrupções, ser distorcido ou se tornar um eco nostálgico (“Be With Me”).

O grande valor da consistência de Life Cycle Waves reside na sua intensidade de construção e desconstrução de espaços físicos, mesmo soando por vezes demasiado literal, como em “Waves Crashing” — que também é abastecida por uma centena de bipes e blops que são dilacerados o tempo todo. “Nothing to Figure Out”, com exatos sete minutos de duração, exemplifica melhor os drenos de drill and bass com algum tipo de som orgânico gotejando ao fundo, às vezes substituído pelo canto dos pássaros ou bowls budistas numa espécie de ritual galáctico. É insano.

Selo: Tabula Rasa
Formato: LP
Gênero: Eletrônica / IDM
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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