Crítica | “Mais Nada”


★★★★☆
4/5

“O que eu posso fazer de diferente dessa vez?” é a frase que não apenas marca o retorno do carioca Matheus Who para a cena musical desde seu álbum de estreia, A Dobra No Espaço-Tempo (2021), mas também abrange um questionamento pertinente do que se busca de um artista a cada novo lançamento. Como público, é esperada uma renovação que não seja excludente de um crescimento evidente, caminhando à margem de tudo que influencia em sua identidade. Para o artista, se imagina o estudo de seu trabalho anterior em busca de aprimoramento e reformulações de seus êxitos, ainda buscando um frescor. “Mais Nada”, primeiro gosto do novo disco do artista, é exatamente isso.

Inserido na canção, o verso apresenta um contexto não tão distante. Matheus retorna à seus blues ocasionais narrando desconfortos na análise de sua própria imagem, fruto de momentos ansiosos de overthinking, experiência comum de qualquer potencial ouvinte. Matheus se prova ainda mais consciente geracionalmente, seja na solidão (“Eu prefiro ficar em casa”) ou nas inseguranças (“Olhei pra mim mais novo e eu odeio ser assim”), usufruindo de questões atemporais e pertinentes para reforçar a relatabilidade em seu trabalho. Tal qualidade não o impede de ser menos universalista em certos momentos, ora se aprofundando nos anseios de ser artista independente (“Eu aceito de uma vez que não consigo marcar um show/…/Acho que preciso de um produtor”).

Assinando a composição e produção sozinho, Matheus Who emerge de tudo que cultivou em seu primeiro disco, com um toque evidentemente mais bem trabalhado. Os instrumentos e as camadas funcionam em harmonia, soando mais maduros e condizentes com o tempo de hiato. “Mais Nada” é um retorno seguro que traz pontos claros de crescimento, e com projeção de fazer com que o resto do álbum floresça ao seu redor. Sobre o que pode fazer diferente, Matheus Who já parece estar encontrando sua resposta.

Selo: Independente
Formato: Single
Gênero: Pop / Indie Pop, Bedroom Pop
João Agner

joão agner (2003) é escritor e graduando de jornalismo. Escreveu sua primeira história aos oito anos, e tem explorado diversos formatos desde então, como não ficção e poesia. Decidiu que queria ser jornalista e falar de música quando ouviu o disco "Melodrama", de Lorde, pela primeira vez.

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