Crítica | MEGAN


★★★½

Fora de sua antiga gravadora, a Megan que merecíamos desabrochou novamente.

Enquanto estava em sua antiga gravadora, 300 Entertainment, o talento de Megan se manteve reprimido. Não se sabe quais foram os termos e condições por trás da distorção da mente brilhante de Megan, mas sabe-se que o que chegou até nós foi apenas uma versão diluída, aparada e controlada dela. Após algumas brigas com seu selo abusivo, MEGAN é o primeiro álbum da rapper que podemos ter completa certeza que é 100% de sua autoria, e isso fica cada vez mais explícito conforme adentramos na obra.

Menos que um disco de auto-descoberta, a primeira entrada no catálogo da Hot Girl Productions é uma afirmação confiante da intensa — e por vezes conflituosa — identidade de Megan. Desde a paixão por animes à fragilidade do R&B, há um enlaçamento dos fragmentos que, parcialmente, formam sua personalidade por meio de um elemento em comum: o trap. É como se o gênero fosse a central de onde partem e vieram os diversos interesses artísticos aqui explorados; o memphis entra pela esquerda e o cloud rap sai pela direita.

Dessa forma, a assertividade e o jeito incisivo de Megan encontram um lar perfeito num projeto que é tudo aquilo que o trap normalmente é, passando, ocasionalmente, por suas praças mais distantes do pop rap, as mais próximas da gênese do estilo e várias outras. De fato, até o formato de muitas faixas em álbuns longos está presente; o trap e o sul estadunidense são indissociáveis de Megan e ela sabe muito disso. Para reapresentar uma artista pouco cultuada no rap, esse autointitulado foi irrefutavelmente certeiro.

Selo: Hot Girl Productions
Formato: LP
Gênero: Hip Hop / Trap, Hardcore
Sophi

Sophia, 18 anos, estudante e redatora no Aquele Tuim, em que faço parte das curadorias de Rap e Hip Hop e Experimental/Eletrônica e Funk.

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