Crítica | Resort


★★★★

Nós declaramos que Skee Mask deveria ser um artista mais conhecido.

Desde que estreou com material completo em 2016, Skee Mask, projeto de Bryan Müller, tem se tornado cada vez mais popular entre alguns ouvintes desesperados para eleger um novo clássico da música eletrônica. Esse desejo insaciável de torná-lo um mestre do gênero é até justificável, considerando não apenas o potencial do produtor em agrupar sentimentos e espalhá-los diante do ventilador com seus cortes de breakbeat e faíscas de IDM. Sua força de vontade em aprimorar seus estudos o faz evitar maneirismos como o impulso de gerar momentos mais expositivos e bombásticos diante de peças centradas no ambiente apenas para chocar. É como se a sua música fosse, mesmo sem grandes feitos, inusitada por natureza.

Resort, o mais recente lançamento do produtor, encontra espaço nesta forma de pensar as suas criações de maneira bastante espontânea, seja transitando por um ambiente orgânico (“Nostaglitch”); seja por suas rupturas muito melódicas que entram no nosso cérebro com uma facilidade desordenada (“Reminiscrmx”). É interessante como estes contrastes, que estão longe de serem novos, ainda são capazes de gerar sensações discerníveis sobre as próprias escolhas de como torná-las comunicáveis, mesmo que as suas composições apelem a alguns instintos inflamados pela polirritmia. “Terminal Z”, incrivelmente noturna, exemplifica essa dinâmica do tudo ou nada, da sutileza interdimensional à calma estroboscópica. Isso quando não parece contar com um tipo de onda magnética adentra os tímpanos como se estivesse usando do drone para gerar uma sensação de profundidade.

Essas preferências ficam ainda melhores considerando a transição para “Hölzl Was A Dancer”, que leva tão a sério a ideia de atmosfera, que brinca com o clube, às vezes afastando o som da matriz do captador; às vezes tendo picos dançantes que parecem não ter fim. Seria tolice dizer que Bryan Müller dá demasiada atenção aos detalhes, pois este é, por assim dizer, o princípio básico de como produzir e evitar que as ideias mais modestas ganhem volume e causem efeitos que apenas reduzam forças. Felizmente, o projeto Skee Mask parece caminhar na direção oposta: suas batidas estão cada vez mais recheadas de opulência, testando novas lapidações que forjam uma espécie de prazer apenas em ouvir. É o tipo de enriquecimento à custa da complexidade infundada que preocupa muitos DJs e produtores neste momento.

Selo: Ilian Tape
Formato: LP
Gênero: Eletrônica / IDM
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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