Crítica | SALVE-SE!


★★★½

Em SALVE-SE!, Bebé acerta o ponto — ela se distancia de tudo e de todos.

Bebé Salvego é um dos nomes mais interessantes do pop brasileiro. Seu primeiro álbum, o autointitulado Bebé, de 2021, contornou os limites do R&B contemporâneo nesse espaço em grande parte corroído pela alta competitividade. Seu novo disco, SALVE-SE!, porém, é quase inusitado — ela se distancia de tudo e de todos.

Marcado por sobreposições compostas por diferentes ritmos, todos mesclados com as raízes negras do referido pop, mas também com espaços eletrônicos e dançantes, é uma peça viva, que chama a atenção pela alta dose de diversão e, ao mesmo tempo, de reflexão. É uma obra que preenche um vazio simbólico, não de representação, mas de reinvenção e cuidado em fazer a música pop atenta ao que ela pode oferecer de melhor.

Enquanto “Recado Dado”, em parceria com Dinho Almeida, do Boogarins, acentua os sintetizadores com vocais pegajosos, “Assome”, por sua vez, se joga em uma atmosfera densa e profunda que recompõe cenários, no caso, o próprio synth abrasileirado que outrora despontou em trabalhos como Tropix, de Céu. SALVE-SE! acerta o ponto: é a mistura exata de Bebé com temas próprios, mesmo que às vezes soe muito disperso em suas referências.

Selo: Coala Records
Formato: LP
Gênero: Pop / R&B, Música Brasileira
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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