Crítica | The Secret Of Us


★★★

Na melhor das hipóteses, as canções de Gracie Abrams soam como imitações satisfatórias, mas inofensivas, das baladas acústicas de Taylor Swift.

The Secret Of Us é mais uma tentativa de Gracie Abrams de conquistar um espaço entre as artistas pop que tentam trazer um som mais alinhado ao cenário alternativo. O problema é que a cantora tem absolutamente nenhuma personalidade e sua arte soa como uma reprodução genérica de aspectos de artistas mais aclamados entre os fãs desse tipo de sonoridade, principalmente Taylor Swift.

O resultado são faixas de qualidade decente, mas vazias, que apresentam a performance inexpressiva de Gracie ao lado das melodias indie-pop mais previsíveis possíveis. É como se o disco buscasse direcionar o olhar do ouvinte ao trabalho dos produtores, diminuindo a ainda mais a presença da artista — um baita erro, pois não dá para depender da produção instrumental para transformar seu trabalho em algo interessante. Além disso, esse quesito (construção musical) nem é lá tão intrigante. Em nenhum momento quem ouve fica encantado com o que é feito nesse aspecto, mas é suficientemente bom para fazer das músicas aprazíveis mesmo com a incompetência de Abrams.

Em sua estreia, Good Riddance, Gracie Abrams trouxe baladas melancólicas do pop alternativo que, assim como The Secret Of Us, lembravam muito trabalhos de outros artistas desse mesmo nicho, mas daqueles que eram mais aclamados. Para mim, porém, a diferença é que seu primeiro álbum, embora não tenha trazido nada que a destacasse entre os diversos nomes do pop alternativo, apresentou uma performance suave que soou, por assim dizer, até que adorável, conseguindo captar muitas das emoções ali propostas. Aqui, ela traz uma entrega mais forte e que não soa tão bem quanto os momentos mais leves e sussurrados aos quais sabe criar. Falta a emoção contida no disco que antecedeu este, além das melodias aqui serem menos criativas.

A segunda metade do álbum, um tanto quanto próxima ao que foi apresentado em sua estreia, consegue ser mais divertida que a primeira parte. Ainda assim, esses momentos sofrem do mesmo problema de seu álbum anterior: suas músicas são, na melhor das hipóteses, pouco mais do que imitações satisfatórias, mas inofensivas, das baladas acústicas de Taylor Swift. No geral, The Secret Of Us não apresenta nenhuma progressão em relação a Good Riddance, pelo contrário, realça as piores características da arte de Gracie.

Selo: Interscope
Formato: LP
Gênero: Pop / Indie Pop

Davi Bittencourt

Davi Bittencourt, nascido na capital do Rio de Janeiro em 2006, estudante de direito, contribuo como redator para os sites Aquele Tuim e SoundX. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático, Pop e R&B.

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