Crítica | TIMELESS


★★★☆☆
3/5

KAYTRANADA sabe que, para firmar suas criações no imaginário de seu público, precisa de mais do que um bom conjunto de ideias ou qualquer sinal de mudança — como vem fazendo desde seu último álbum, BUBBA, de 2019, ao optar por corresponder a alguns sucessos comerciais que suas produções passaram a ter de lá para cá.

Mas TIMELESS, embora tenha como pano de fundo algumas das melhores explosões eletrônicas de house, samples ordinários e batidas que combinam bem com R&B, pouco é eficaz para além de uma extensa colaboração. Não que o produtor não deva atrair dezenas de artistas para dar forma aos seus ritmos dançantes e festivos, mas fazê-lo dissociando pontos importantes como a própria ação do tempo e o espaço empregado em determinadas faixas — tomado por uma calmaria seguida de um turbilhão sintético de fuzilaria – que logo se tornou um sinal daquilo de mais interessante tomado por ele, é bastante confuso.

TIMELESS, na sua extensa duração, arrasada por colaborações sem muito sucesso criativo, está longe de soar atemporal. KAYTRANADA deveria saber disso, saber que optar pelo “básico” talvez fosse a melhor forma de manter sua expansão (numérica), mesmo que isso reduza mil vezes seu potencial.

Selo: RCA
Formato: LP
Gênero: Eletrônica / Pop, R&B
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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