Os melhores discos de 2024 (até agora)


Uma lista com Charli xcx, Julia Holter, DJ Anderson do Paraíso, Beyoncé, 1010benja, Céu, Tyla, Irmãs de Pau, Luiza Brina e mais!

Na intenção de comemorar alguns lançamentos diversos que, apesar de recentes, já tiveram forte presença em 2024, reunimos os melhores discos do ano, entre os que foram lançados até agora!



Alícia Cavalcante


If I don't make it, I love u
Still House Plants

Quase todas as faixas deste álbum exibem um nível de detalhe tão excepcional em suas letras que é impossível não querer ouvi-las repetidamente. Os vocais de Jess Hickie-Kallenbach são verdadeiramente extraordinários em sua expressividade estética. Still House Plants tem a capacidade de misturar rock e jazz, por mais sutil que seja.



Brinatti


All Born Screaming
St. Vincent

Não é de hoje que notamos que St. Vincent é uma artista de imensa criatividade. Ao longo de sua discografia, ela expõe uma busca incessante por um fio condutor em meio ao caos, partindo de um lugar em que o equilíbrio se revela como fuga. Essa essência transparece em All Born Screaming, um álbum que espelha sua capacidade de fundir introspecção, leveza e clareza, tornando seu trabalho esperançoso.


Novela
Céu

Novela é um registro dedicado às intrincadas tramas amorosas e às complexas emoções que permeiam a vida de Céu, ainda que sem grandes alardes. Seu recente trabalho se funde à sua essência contida, manifestando-se de modo exuberante. As faixas exploram seu rico repertório em constante redefinição, revelando momentos passados. Sempre surge o questionamento: veremos o lado exímio de Céu em um novo projeto? No entanto, essa incerteza desvanece ao nos envolvermos com sua genialidade manifestada, deixando claro que sua habilidade de se reinventar é infinita.


Micro-Usina
Irmão Victor

O álbum, como um todo, revela-se através do seu ritmo como um fluxo musical marcante e que se une a instrumentos responsáveis por expressar os sentimentos do eu lírico, abafando a angústia ao mesmo tempo que permite penetrar a alma do ouvinte como, por exemplo, em "Sweet Jesus Waterfalls", que desponta como uma resistência à morte e à solidão, uma reflexão as vulnerabilidades da vida que se apresenta como um palco a ser preenchido.


BRAT
Charli xcx

Quando Charli xcx revelou a capa do seu novo trabalho, muitas pessoas se questionavam e até julgavam: por que uma arte tão simples? Um fundo verde-limão com uma única palavra em minúsculo e em baixa resolução. Mas de uma coisa a artista tinha certeza: ela queria incomodar. Seu novo álbum traz referências à cena rave ilegal de Londres, sendo descrito por ela como o mais conflituoso e afrontoso. E de fato, BRAT é isso e muito mais.



Davi Bittencourt


Maquillada En La Cama
Juliana Gattas

Apesar de ainda underground, Juliana Gattas é uma das poucas artistas pop surgidas nos últimos anos que busca explorar fortemente alguma abordagem da música disco que vá contra a maré do mainstream atual, nesse caso, se aventurando no electro-disco em canções eletrizantes que trazem consigo os melhores aspectos do subgênero.


Silence Is Loud
Nia Archives

Nia Archives segue uma direção diferente ao fazer uma abordagem mais intensa do dnb, com a bateria caótica e o baixo agressivo do jungle. É uma mistura perfeita e que combina com um caráter acessível e cativante entre os mundos explorados pela artista, que soa muito agradável tanto para o público pop e R&B quanto para os fãs de música eletrônica.


<Dall>
ARTMS

<Dall> se destaca por ser a obra mais bem construída do k-pop deste ano e uma das melhores desde que se tem notícia. A excelência com que mescla características marcantes do trabalho do antigo grupo, LOONA, com padrões do pop recente e que estão figurando como novidade, além de como o álbum possui uma esfera de ideias e conceitos musicais muito bem elaborados ao longo de todas as faixas, sem nenhum furo de coesão neste aspecto, resulta em um projeto fora de órbita.



Davi Landim


Clancy
Twenty One Pilots

A conclusão épica para uma história de quase 10 anos. Com uma sonoridade que lembra o início de carreira do duo, mas, ao mesmo tempo, mostra novos caminhos que a banda pode seguir dentro do pop rock.


Wall Of Eyes
The Smile

The Smile explora cenários e sons diferentes em Wall Of Eyes, nos trazendo letras bastante metafóricas sobre diversos aspectos das nossas vidas, principalmente por se tratar de um álbum escrito durante a pandemia de COVID-19. Thom Yorke impressiona com sua liberdade criativa junto de Jonny Greenwood (também companheiro de Radiohead) e a bateria bastante objetiva de Tom Skinner, já que, apesar de se escorar em alguns recursos de sua “banda principal” — principalmente de álbuns como A Moon Shaped Pool e In Rainbows — ainda consegue realizar um som bastante original.



Felipe Ferreira


Y’Y
Amaro Freitas

Y’Y é uma epopeia que evoca o espírito da Floresta Amazônica — e de tudo que a contempla. Para poder dar vida ao seu quarto álbum, Amaro Freitas se mudou de Recife para Manaus, em busca de imersão completa nos sentidos mágicos e naturais que ele pretendia capturar. O registro é costurado por uma rica tapeçaria sonora, que é entrelaçada por peças instrumentais dotadas de organicidade e sensibilidade.



João Agner


Dust, Pt. 1
Say Lou Lou

O duo de irmãs gêmeas australianas traz um projeto extremamente elegante e imersivo. Uma coleção de cinco músicas que exploram o indie pop com os vocais doces e femininos em faixas que, embora sensuais e aconchegantes, detalham os diferentes recortes do fim de romances. Em uma dessas crônicas, se espera por um “date” que nunca aparece. Esse é o cenário do grande destaque do EP, o lead single “Waiting for a Boy”, uma faixa atmosférica, sensual e deliciosa de ouvir. Dust, Pt. 1 é uma introdução perfeita e refinada para o futuro projeto completo das irmãs Miranda e Elektra.


Here in the Pitch
Jessica Pratt

Jessica Pratt traz sua clássica melancolia no estilo singer/songwriter para seu quarto disco. Inteiramente autoral, a obra explora as nuances na perspectiva de tempo, com seus arranjos tradicionais de folk e storytelling atemporal. Here in the Pitch é contido, oscila entre momentos líricos doces e dolorosos com sua voz única e suave, e eleva as características de principal destaque presentes em suas obras anteriores.


Mika’s Laundry
Matt Champion

Um dos principais membros do coletivo Brockhampton, Mike Champion tem sua estreia solo em um álbum que parece captar exatamente a essência transmitida pelo artista em suas aparições nas canções do grupo. É um caso de experimentação do artista, trazendo flows diferentes dos que costumava usar e abusar, mas ainda assim compartilhando uma conexão clara com o projeto que o moldou como artista. Mika's Laundry tem abordagem confessional e que dialoga na medida certa com humor preciso e trocadilhos de duplo sentido, entregues em uma mistura de estilos e gêneros.



João Vitor


boy
Luke Hemmings

Em boy, Luke Hemming consegue abordar a sua tristeza, solidão e decepção da melhor forma. Se comparado com o primeiro disco, esse EP não tem canções tão memoráveis como “Starting Line” e “Baby Blue” – suas duas melhores músicas –, mas ele ainda continua consistente, apresentando uma coesão incrível e nunca deixando de utilizar metáforas que enriquecem a escrita melancólica.


Debugging
BLASÉ

Debugging é um projeto completo que, mesmo com 15 minutos, é direto ao ponto e demonstra grande habilidade em abordar tendências de modos diferentes, atribuindo uma ótica singular diante de outros lançamentos. Este EP tem um grande potencial de apresentar novos caminhos para o BLASÉ.


COOL
Hyelyn Joo

Hyelyn Joo atinge um patamar incrível no seu primeiro EP. COOL, apesar de curto, consegue ser direto ao ponto e nos trazer diversas sensações, seja felicidade, aconchego e melancolia, se concretizando como um dos maiores acertos do k-pop em 2024.



João Lucas


$ 10 Cowboy
Charley Cruckett

$10 Cowboy é uma experiência ímpar para aqueles ouvintes brigados ou desconfiados com o country. As letras sinceras e bem trabalhadas de Charley Cruckett afastam a visão enfadonha e saturada do gênero.


Em
Mỹ Anh

O ano mal havia começado e Mỹ Anh nos presenteou com um delicioso disco de R&B, fruto da dedicação de uma cantora estreante, com excelentes melodias e principalmente uma oportunidade para conhecer um pouco mais do v-pop.


Carnival [放生会]
Sheena Ringo [椎名林檎]

Com muito jazz, um tico de rock e elegância de sobra, Sheena Ringo faz seu retorno triunfal com Carnival. O álbum pode ser entendido como uma sequência ou até mesmo uma nova versão do seu disco anterior. Carnival é uma história épica budista em Tokyo recheada de mentores, romances e vilões.



Joe Luna


Jolifanto
ZA! & Perrate

O absurdamente estranho Jolifanto, novo disco da banda eletrônica ZA! com o cantor de flamenco Perrate, nos leva às raízes do movimento dadaísta e sua ideia de concepção criativa que nasceu no seio do sentimento antiguerra e antiburguês, que o fez ser a vanguarda artística europeia do começo do século XX.


ASSEMBLE24
tripleS

<ASSEMBLE 24>, primeiro disco completo do super grupo tripleS, é a fusão das diferentes características já apresentadas em seus trabalhos anteriores, com o grupo ainda nas subdivisões. É uma amostragem completa do que estar por vir no futuro desse que é um dos grupos mais brilhantes dessa nova leva de artistas de k-pop. O disco amadurece em relação à visão musical, condensando com desenvoltura a multiplicidade criativa das intérpretes e mostra como elas conseguem se encaixar em outras paletas sonoras – é maduro, moderno e certeiro.


like the sky I've been too quiet
Ganavya

Imagine o vácuo, um ambiente ausente de cor e até mesmo de som, onde nada parece existir ou se desenvolver. Analisá-lo dessa maneira talvez possa ser mesmo uma concepção imaginativa certeira, entretanto, até algo como o “vazio” pode ganhar diversas interpretações ou imaginações — a arte é do mesmo jeito que o nada, para alguns pode, inclusive, ter sentido a ausência dela.



Lucas Melo


Ten Fold
Yaya Bey

Ten Fold é um álbum para momentos relaxantes, que reflete sobre amor próprio, vida amorosa em meio a luta de superar a tristeza avassaladora do luto. Apesar de seus deslizes perceptíveis e com algumas músicas que soam amadoras, Yaya Bey nos mostra que devemos ficar de olho nos próximos passos de sua carreira.


COWBOY CARTER
Beyoncé

COWBOY CARTER soa como um clássico instantâneo e nos leva para uma imersão cultural pelo country, que novamente é ressignificado por Beyoncé, artistas novos e artistas consagrados do gênero. Sem dúvidas, Beyoncé coloca em prática que apesar dos pesares da indústria, há uma chama de esperança para algo que seu talento inato jamais perderá: qualidade.


Amaríssima
Melly

Amaríssima é excelente na fórmula e no conteúdo, expõe uma certa coesão ao mesmo tempo que exala originalidade. Melly, sendo uma pequena artista, conseguiu trazer o que poucos artistas notáveis no Brasil conseguiram. Ela parte de uma sinceridade única, um sentimentalismo inato e uma completa integração no processo criativo da obra que se expande pela relação respeitosa com sua artisticidade.



Mateus Carneiro


This Ain't The Way You Go Out
Lucy Rose

Em This Ain't The Way You Go Out, Lucy Rose delineia a luz em meio às rachaduras da vida. A cantora nos apresenta a uma paisagem de reinvenção, onde ela parece se divertir com as possibilidades presentes em meio a música que cria. Ela soa refrescante e consciente das coisas que a atormentam, mas nunca é intimidada por elas.



Matheus José


Queridão 
DJ Anderson do Paraíso

Em Queridão, a texturização aposta em uma estética mais minimalista, sem a cacofonia do funk de São Paulo e sem o tamborzão espesso do funk do Rio de Janeiro. O que conecta essas diferentes linguagens, no entanto, é a perspectiva sensorial — mais atual do que nunca — de criar ambientes obscuros. O exercício proposto ao longo de suas 17 músicas, cada uma sendo um capítulo da história do movimento, são exposições da mudança, que decodifica e demonstra claramente a sua base: a rua.


All Life Long
Kali Malone

All Life Long é a sinalização do ponto de encontro de tudo o que já foi feito por Kali Malone até então. Isso pode ser percebido pelo fato de conter suas primeiras composições para órgão desde 2019; por ambientar suas execuções eletrônicas outrora vistas em Living Torch, de 2022. E, também, por instigar a reflexão sobre a presença de Malone nas igrejas, tornando viva a arte que dali se escorre para o mundo.


Prece
Luiza Brina

Em Prece há muito para descobrir — e sentir — quando se caminha em direção à delicadeza intercalada em onze peças autorais e profundamente sensoriais. Guiada pelo que a fez se sentir bem nos momentos difíceis, Luiza canta composições que levou anos para terminar. São as suas orações que emergem para além de um fado religioso, exaltando, em tudo isto, o poder da conexão.


#RICHAXXHAITIAN
Mach-Hommy

É como se cada faixa fosse um mundo particular, em que os versos do rapper se misturam com suas visões de mundo completamente obstantes de um padrão estilístico. Nos seus melhores momentos, ergue-se através de sons dançantes, com um fluxo que flutua por arranjos e melodias subtraídos por meia dúzia de imposições diferentes — são espaços eletrônicos e orgânicos sobrepostos a uma ideia de singularidade que se esvai com o tempo. É um tremendo exercício de formação.


Spectral Evolution
Rafael Toral

Spectral Evolution é o trabalho mais orgânico de Rafael Toral. Suas longas melodias entram no drone e transbordam para o jazz como parte da teorização de novos espaços que o artista cria. São ondas sintéticas que evoluem à medida que o silêncio enfrenta um choque com alguns ambientes tecnológicos ocupados pela presença de vida. É uma das melhores criações que um inventor como ele poderia fazer.


Um
Martha Skye Murphy

O aguardado álbum de estreia de Martha Skye Murphy, Um, funciona como um clássico do art pop: tem a construção de paisagens etéreas, duplicadas por desafios vocais que vão de Björk a Spellling, sem deixar de lado o DNA pós-minimalista de Julia Holter. Mas é, sobretudo, algo perenemente único, e que estabelece uma classe própria de significados — musical e instrumentalmente criativos — sempre condizente e em união com os planos criados por Martha ao lado de texturas, microssons e elementos eletrônicos que incluem, por exemplo, a eletroacústica.


Resort
Skee Mask

Desde que estreou com material completo em 2016, Skee Mask, projeto de Bryan Müller, tem se tornado cada vez mais popular entre alguns ouvintes desesperados para eleger um novo clássico da música eletrônica. Esse desejo insaciável de torná-lo um mestre do gênero é até justificável, considerando não apenas o potencial do produtor em agrupar sentimentos e espalhá-los diante do ventilador com seus cortes de breakbeat e faíscas de IDM. Sua força de vontade em aprimorar seus estudos o faz evitar maneirismos como o impulso de gerar momentos mais expositivos e bombásticos diante de peças centradas no ambiente apenas para chocar. É como se a sua música fosse, mesmo sem grandes feitos, inusitada por natureza.



Marcelo Henrique


What Now
Brittany Howard

Em seu segundo disco solo, Brittany Howard expande as fronteiras do soul à sua maneira. What Now é um registro revigorante e ambicioso, que lida com a liberdade tanto como laço temático que une as canções, quanto na forma de expressão de sua psicodelia, construída por meio de um trabalho de mixagem e texturização indiscutivelmente autêntico que transforma os instrumentais em peças vibrantes e singulares — tudo isso, claro, embalado pela voz incontestável de Brittany.


Ten Total
1010benja

Ten Total, primeiro disco de 1010benja, une as bases do pop à sensibilidade lírica do R&B alternativo. É um registro fundamentalmente sensorial; o resultado de um fluxo de ideias e sons que se colidem e formam uma estética autêntica que é, ao mesmo tempo, delirante e acessível.


TYLA
Tyla

A estreia de Tyla na música é um triunfo. Com vocais aveludados e melodias grudentas, o registro, que leva o nome da sul-africana, destaca as batidas contagiantes do afrobeats e do amapiano sob a ótica do pop internacional, ditado pelas tendências do R&B norte-americano. É praticamente impossível não se deixar levar pela energia do disco — como a cantora declara no hit “Water”, TYLA é de tirar o fôlego.



Raquel Nascimento


Prelude to Ecstasy
The Last Dinner Party

Em Prelude to Ecstasy, álbum do The Last Dinner Party, há uma fusão de elementos que, mesmo antagônicos, encaixam-se tão bem que levam a diferentes linhas reflexivas. É possível discutir sobre o visual construído, que mescla elementos do rococó e da Era Vitoriana e permeia desde os figurinos até as melodias. Outro destaque, contraponto do anterior, diz respeito às composições, que trazem elementos de protesto relacionados às condições das mulheres. Independentemente da linha de análise ou da ausência dela — ao apenas ouvir e deleitar-se com cada arranjo orquestrado — o início da carreira da banda é brilhante, e gera expectativas para acompanhar seus próximos trabalhos.



Sophi


YESYESPEAKERSYES
Kavain Wayne Space & XT

A união de um dos pioneiros do footwork com um duo de free jazz londrino poderia ser um desastre completo ou um triunfo sem igual, já que é necessária uma sensibilidade assustadora para mesclar os ritmos contraproducentes do footwork com a busca pela liberdade irrestrita do free jazz. Obviamente, por estar presente nessa lista, YESYESPEAKERSYES é a finesse total de ambas as metades desse ringue musical. A loucura toma a forma de uma figura mitológica pronta para saltar entre o fogaréu infernal e a gosma do submundo. Experimente música, ouça o álbum.


Southside Bottoms
Dawuma

Utilizando o R&B como centro de sua exploração, Dawuna criou uma pequena máquina pulsante chamada Southside Bottoms, que lentamente cicla suas ideias na esperança de que a repetição — e a eventual quebra desta — atinja as profundezas do coração do ouvinte. É o conjunto de tentativas que torna o EP tão charmoso e reconfortante, ou melhor, é a falta de certeza que o torna tão humano. Se situar, sofrer, mudar e amar; repete: é um dos ciclos da vida humana, e Dawuna o transcreveu perfeitamente nesse EP.


Gambiarra Chic, Pt. 1
Irmãs de Pau

A maneira como as Irmãs de Pau se inserem nos espaços que desejam disputar é inspiradora. Sempre sem um pingo de arrependimento ou falta de coragem, elas, com o máximo de energia permitido, vão atrás de ocupar lugares que não as querem. No funk, no rap e na eletrônica, ambas dão o máximo de si para firmarem sua identidade dentro desses gêneros como travestis. Gambiarra Chic, Pt. 1 é tudo de melhor na arte do duo, com algumas das melhores músicas do ano como “FOOD FOOD”, “CUSSY” e “GAMBIARRA CHIC”. É o futuro da cultura ballroom no Brasil!



Tiago Araujo


Schall / Rechant
Horacio Vaggione

Exploração de texturas na música eletroacústica é um dos elementos principais para distinguir um bom, um mau e um excelente álbum do estilo. No caso de Schall / Rechant, uma overdose de texturas é a lei, as músicas sequer se preocupam com qualquer formalidade melódica, ou harmônica — reina o experimentalismo e a vontade de brincar com os sentidos, de fazer esse não apenas mais um álbum no ano, mas uma marca inesquecível em 2024.


Backstage Raver
Joanna Robertson, Dean Blunt

Embora simples, a nova colaboração dos artistas Dean Blunt e Joanna Robertson demonstra que explorar uma produção musical interessante e uma excelente composição harmônica vocal pode transformar tudo. Poderia ser mais um disco de rock, se não tivesse nas mãos de artistas tão distintos, destaque óbvio e contínuo para a produção de Dean Blunt, já consagrado como um dos melhores produtores da sua geração — por meio de sua forma única de criar samples, mixar instrumentos e sempre experimentar.


Surge
Consumer Electronics

Mantendo a consistência de ser o projeto de power electronics mais interessante dos tempos atuais, em Surge uma face diferente do gênero é explorada. Lotado de elementos graves, sintetizadores, performances vocais muito mais contidas que o comum para o gênero e mesmo assim, curiosamente cativante, Surge é um marco para 2024, para o power electronics e para a “música política”. Black Metal Theory.



Vinícius Correa


No Reino dos Afetos 2
Bruno Berle

A continuação de No Reino dos Afetos, álbum do alagoano Bruno Berle, apresentado em 2022, é uma joia da música alternativa brasileira em 2024. Após o lançamento de seu antecessor, Berle colaborou com artistas como Ana Frango Elétrico, Tim Bernardes e Sessa. Em No Reino dos Afetos 2, Berle é mais intimista e expande o seu universo de afetos com faixas mais longas e uma melhor continuidade na produção, em canções como “É só você chegar” e “Love Comes Back”, cover do influente Arthur Russell.


So Sorry So Slow
Adult Jazz

A banda de Londres apresentou o extraordinário So Sorry So Slow. O quarteto de art pop mescla canções pop tortas com elementos de música orquestrada também abrasivos. Experimental e dissonante, o trabalho também é leve, romântico e carinhoso com os vocais de Harry Burgess. A obra, que conta com participações de Owen Pallett, explora texturas e paisagens de música clássica com a linguagem da música experimental, com um quê de Scott Walker.


Something in the Room She Moves
Julia Holter

Julia Holter é uma das artistas mais criativas a surgirem na última década. Com trabalhos como Have You In My Wilderness e Aviary, a cantora e compositora americana mostrou ser uma visionária nos limites da música pop. Something in the Room She Moves, seu último álbum, é mais uma reinvenção de paradigmas experimentais para a linguagem pop, com influências do pós-minimalismo e chamber jazz.



Vit


Girl With No Face
Allie X

Allie X é uma das cantoras pop que mais evoluíram ao longo de seus trabalhos, embora ela esteja longe de ser uma cantora super conhecida. E talvez essa relativa falta de fama seja o que proporcione maior liberdade para a artista exercer sua criatividade. Em Girl With No Face, Allie traz sua nova obra sem parcerias, liderando sozinha a produção do álbum.


Still
Erika de Casier

Erika traz um álbum futurista, mas também com uma sonoridade familiar, com a nostalgia de músicas influenciadas por batidas do final dos anos 90 e início dos anos 2000. A artista apresenta um R&B fácil de agradar, mergulhando completamente na estética Y2K, proporcionando um conforto especialmente para aqueles que viveram na época de suas influências.


GRASA
Nathy Peluso

Em GRASA, Nathy Peluso demonstra mais uma vez sua versatilidade em um furacão de gêneros musicais com ritmos latinos que remetem a dramas mexicanos, além de influências de hip hop, trap, pop, baladas lentas e até funk brasileiro, tornando a experiência de ouvir a obra completa ainda mais interessante.
Aquele Tuim

experimente música.

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