Os melhores discos de Chico Buarque


Em comemoração ao aniversario de 80 anos de um dos maiores nomes da MPB.

Apesar de sua importância e de ter um repertório repleto de músicas clássicas conhecidas em todo o Brasil, Chico Buarque é um compositor extremamente prolífico. Ao explorarmos sua discografia completa, frequentemente surge a questão de qual álbum escolher para ouvir. Portanto, para celebrar os 80 anos do cantor, apresento os cinco álbuns clássicos e essenciais para revisitar sua carreira ou para ter o primeiro contato com o artista.


Chico Buarque de Hollanda
1966

A estreia de Chico Buarque já é recheada de clássicos. O que torna este disco especialmente interessante em comparação aos outros que irei mencionar é a abordagem bastante clássica do compositor, com o uso do samba, seja ele o samba-canção ou choro. Este álbum não é conhecido por sua diversidade sonora, nem por suas letras complexas, mas é celebrado pelo seu vigor, bom humor e por marcar uma estreia memorável tanto para a MPB quanto para o samba.




Chico Buarque de Hollanda, Vol. 3
1968

Diferente do volume 1, este lançamento apresenta uma maior diversidade, diálogos mais característicos e uma atitude mais melancólica, que viria a ser marca registrada dos lançamentos posteriores do compositor. É notável a carga política mais evidente em algumas letras, como em “Roda-Viva” e “Funeral de um Lavrador”, lançado após o início da ditadura militar. Cada minuto de Vol. 3 continua fascinante e engajante até hoje, talvez sendo o melhor disco para introduzir a obra de Chico Buarque a alguém.




Construção
1971

Construção é um álbum que dispensa comentários. Considerado por muitos como um dos melhores álbuns da história da MPB, ele se apresenta como uma experiência única do começo ao fim, navegando entre o samba e influências clássicas da música brasileira, como Villa-Lobos e o samba-jazz tardio de Tom Jobim. Este disco apresenta o ponto alto da carreira de Chico Buarque ao combinar sua melancolia, letras altamente políticas e uma beleza linguística incomparável, digna de análise até hoje. Simplesmente atemporal.




Meus Caros Amigos
1976

Semelhante a Construção, este é outro álbum muito bem construído de Chico Buarque. É lembrado pelas letras fantásticas e, embora seja menos mencionado, destaca-se por explorar formas sonoras distintas, sem abandonar o samba como gênero principal; Aqui, é possível enxergar uma maturidade ímpar na composição de Chico Buarque, especialmente em suas letras sobre relacionamentos; é difícil não se emocionar com cada palavra cantada em “Olhos nos Olhos”.




Chico Buarque
1978

Junto com Construção, este é um dos álbuns mais emblemáticos de Chico Buarque. Não pelos mesmos motivos, mas principalmente por apresentar muitos clássicos da música de protesto do compositor. Lançado em um período de maior abertura da ditadura militar em relação a música, embora ainda sujeito à censura, estas letras frequentemente eram feitas através de metáforas ou implicitamente. Como não mencionar “Cálice” e “Apesar de você”, músicas que ecoam até hoje em protestos e momentos políticos do Brasil? Por todos esses motivos, este álbum merece ser relembrado.
Tiago Araujo

Graduando em História. Gosto de música, cinema, filosofia e tudo que está no meio. Sou editor da Aquele Tuim e faço parte das curadorias Experimental, Eletrônica, Funk e Jazz.

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