Os melhores discos de música eletrônica de 2024 (até agora)


Uma lista com Burial, A.G. Cook, IGUR, Sega Bodega, Nia Archives, Squarepusher, Jlin, RamonPang e mais!

Na intenção de comemorar alguns lançamentos diversos que, apesar de recentes, já tiveram forte presença em 2024, reunimos os melhores discos de música eletrônica do ano, entre os que foram lançados até agora!


Britpop
A. G. Cook

Dividido em três atos, Britpop mostra todas as perspectivas que A. G. Cook tem sobre seu fazer artístico, trespassando o passado, o presente e o futuro. A junção de todas essas personas forma seções longas de delicadeza extrema, manifestadas, majoritariamente, sob o capuz do bubblegum bass, peça chave da identidade do artista, ou estudos melindrosos de indie rock. Por sua longa duração, creio que a melhor forma de consumi-lo seja ouvir os discos separadamente, absorvendo as concepções do artista de forma lenta, gradual e conectiva, assim como ele mesmo o fez enquanto produzia o projeto. — Sophi




Delight
Arushi Jain

Delight é voltado para uma descrição menos meditativa e mais focada na enunciação e na perplexidade de suas conexões artísticas. A intensa combustão de ideias que perpassa as intenções de Arushi Jain mistura as raízes de Bageshri, e a sua proximidade com todos os Raga — modalidades da música clássica indiana — para uma descrição menos meditativa e mais focada na enunciação e na perplexidade. — Matheus José




Great Doubt
Astrid Sonne

Há um momento na vida de todos os artistas de música eletrônica instrumental em que, de uma forma ou de outra, sua voz passa a fazer parte de suas composições. Às vezes esse processo é mais rápido do que o esperado, às vezes demora muito. Baseado em letras pessoais e narrativas poéticas que se misturam com seus momentos de experimentação e influência da música clássica com a qual se formou como musicista, Great Doubt é um ponto central de convergência que reflete um interessante fragmento — e extremamente comum — da música eletrônica. — Matheus José




Letter To Yu
Bolis Pupul

O maior esforço de Bolis Pupul em Letter To Yu é explorar a casualidade de suas raízes enquanto prepara uma recompensa poderosa para quem segue seu caminho através de peças dançantes de sintetizadores e vocalizações divertidas. — Matheus José




YESYESPEAKERSYES
Kavain Wayne Space & XT

A união de um dos pioneiros do footwork com um duo de free jazz londrino poderia ser um desastre completo ou um triunfo sem igual, já que é necessária uma sensibilidade assustadora para mesclar os ritmos contraproducentes do footwork com a busca pela liberdade irrestrita do free jazz. Obviamente, por estar presente nessa lista, YESYESPEAKERSYES é a finesse total de ambas as metades desse ringue musical. A loucura toma a forma de uma figura mitológica pronta para saltar entre o fogaréu infernal e a gosma do submundo. Experimente música, ouça o álbum. — Sophi




Orienting Points
Build

Flutuando entre diferentes linhas do techno, Orienting Points oferece uma visão única da música eletrônica baseada no breakbeat e no microhouse. Há, em parte do disco, uma atmosfera instigante sobre o futurismo, um desejo intensificado pela forma como a tecnologia fornece elementos sintéticos usados aqui como música. — Matheus José




Dreamfear / Boy Sent From Above
Burial

Dreamfear / Boy Sent From Above é o EP de estreia do produtor britânico Burial no selo XL. Para este recomeço foram mantidas algumas das tradições mais pessoais do artista, como uma maior organização dos espaços em que as suas quase inconfundíveis melodias eletrônicas emergem com maior voracidade. — Matheus José




hazard statements
JoeB

Em hazard statements, JoeB transforma desavisados em desacreditados ao não poupar nenhuma de suas técnicas irreplicáveis na desconstrução e destruição dos baixos e ritmos do tearout/briddim. Porém, o produtor não se limita, somente, à intensidade sem fronteiras, tomando grande influência do glitch na remodelagem de suas batidas e marcação de tempo. Além disso, faz questão de empurrar mais ainda os seus limites através dos breakdowns, que podem apresentar saxofones, industrialismos de darksynth ou melodias de euro-house dos anos 2000. Essa compilação de ideias confusas torna o EP uma das manifestações mais inescrupulosas e revolucionárias da música desse ano. — Sophi




The Journey
Dj Babatr

Dj Babatr, venezuelano que ficou conhecido pela contribuição na faixa “Xtasis”, de Nick León, é um dos vários nomes que funcionam como sinônimo de novidade. Sua assinatura, que ele chama de raptor house, mistura tribal house com techno, abastecido com uma dose extra de trance e ritmos latinos modificados sob colorações rudimentares e paisagens dançantes. The Journey, dentro desse espectro, é o seu maior exemplo. — Matheus José




HARD19
Dual Monitor

Dual Monitor é um duo de techno que vem chamando atenção dentro dos clubes ingleses pelo seu ótimo entendimento de percussão e por fazerem parte do resgate do “tribal techno”. Em seu EP de estreia, HARD19, eles nos apresentam quatro faixas que trazem grandes ideias à mesa, mas sem abandonar as bases criadas por Jeff Mills e outras lendas dos anos 2000. “Quattros Oxide”, em especial, é uma faixa fenomenal, explorando fantasias vanguardistas que poucos artistas têm na atualidade. — Sophi




PHASOR
Helado Negro

É importante dizer que, apesar da excentricidade em trilhar caminhos diversos, Helado Negro sempre se manteve atento às suas influências postadas na música eletrônica, como no álbum This Is How You Smile, de 2019, que espelha em partes o que foi trazido por ele em PHASOR. — Matheus José




IGOOOR (A mixtape)
IGUR

IGOOOR (A mixtape) é um experimento simples, mas recheado de substância, faixas bem compostas e unicidade — mesmo que a maioria disso decorra de uma escassez de trabalhos de gêneros semelhantes no Brasil. Recomendo vigorosamente para fãs de funks hardcore, música eletrônica e música experimental, pois tem de tudo um pouco e sucede em vários âmbitos bem e agradavelmente. — Sophi




Akoma
Jlin

Akoma tem todos os sinais movediços de Jerrilynn Patton. Desde sua passagem pelo footwork, que ainda reflete sua velocidade em meio a ganchos desafiadores, até os ornamentos mais dispersos e sensíveis de estilos alinhados às tonalidades da música moderna, tudo aqui soa originário do ponto de vista criativo. — Matheus José




Sd-2
Loukeman

Sd-2 tem como ponto principal o uso da mixagem em pontos “warm”, ou seja, o mid-low end, que o ouvido humano associa com calor, aconchego e conforto. A construção de todas as faixas, sentidos e intenções a partir desse ponto é cálida e inimitável; não há como replicar nenhuma dessas sensações da maneira que Loukeman fez. A paixão ébria do disco tem destaque justamente por, além de atingir um ponto tão fraco do ser humano (e ainda bem que o faz), soar como uma unidade mesmo sendo tão heterogêneo. — Sophi




Airdrop
Low End Activist

Em Airdrop vamos além de marcas de inovação ou algo parecido; é a tradição de ritmos ligados ao dance da Inglaterra (“Airdrop 03 (Mayhem On Barton Hill)”) com samples quebradiços, BPMs acelerados a uma potência quase destrutiva, que precede o drum n’ bass e a própria consternação hardcore do álbum. É a nostalgia do que era novo a partir do que agora é velho (Grime, UK Garage e até jungle) nada mais e nada menos que isso. — Matheus José




You are Peace! You are Love!
lua trilogy! & Mayfly Priestess

Mergulhando de cabeça no jazz, lua trilogy! e sua dupla escreveram peças que só são obtidas através da vontade ingênua e energética de experimentar e testar os próprios limites. As cinco faixas do álbum de meia hora trabalham com noções diferentes do habitual dentro do nu jazz, gênero conhecido por sua diversidade, expansão e constante movimentação. Assim, a digestão de glitches e baixos de post-bop leva a resultados encantadores, surpreendentes para alguém que começou na produção musical a pouco tempo. — Sophi




Silence Is Loud
Nia Archives

Nia Archives segue uma direção diferente ao fazer uma abordagem mais intensa do dnb, com a bateria caótica e o baixo agressivo do jungle. É uma mistura perfeita e que combina com um caráter acessível e cativante entre os mundos explorados pela artista, que soa muito agradável tanto para o público pop e R&B quanto para os fãs de música eletrônica. — Davi Bittencourt




Bait
Osheyack / Nahash

Bait é óbvio: há minutos de condescendência sonora em que nenhum dos lados parece realmente querer tomar partido na situação. Mas quando isso acontece, felizmente, coisas boas surgem como efeito, como as caixas de “Dream, Shit, Dream” e a brutalidade industrial de “Temperance”. — Matheus José




Dostrotime
Squarepusher

Após anos sem êxito em encontrar conceitos dignos de experimentação, Squarepusher volta, mais uma vez, à sua clássica e genial fusão de princípios do jazz, destruição glitch e insanidade eletrônica, mas com mais sangue nos olhos dessa vez. Contudo, Dostrotime não se resume a um resgate simplório, já que a experiência que o produtor ganhou com anos de tentativas em novos horizontes proporcionaram novas formas de explodir as barreiras rítmicas. Com novas nuances, a nova era do artista é bastante promissora. — Sophi




Life Cycle Waves
RamonPang

Honestamente, não há nada que possa prepará-lo para Life Cycle Waves. RamonPang, desde Nature System, de 2021, vem coletando essa coisa interdimensional, com ambientes voltados para internet e samples que funcionam como verdadeiros socos que ele desfere através de seu IDM que se fragmenta em mil estações harmônicas. — Matheus José




Dennis
Sega Bodega

Dennis parece conter um pouco de tudo: o dance arriscado de Shygirl (“Dirt”), o pop europeu de Caroline Polachek (“True”) e a folktrônica de Eartheater (“Set Me Free, I’m an Animal”). Mas é, acima de tudo, um produto de Salvador Navarrete. Ninguém é obrigado a separar o produtor da sua criação, principalmente quando as semelhanças estilísticas estão sempre presentes para dizer que isso é quase impossível. — Matheus José




MYORFR001
Tim Reaper / Coco Bryce

Tim Reaper e Coco Bryce unem-se no seu afeito jungle para uma empolgante partida de ping pong. São 22 minutos de batidas e rebatidas de restituições eletrônicas do dub, sem brechas para falhas nos movimentos ágeis e cirúrgicos dos nossos atletas do set de dj. Os breaks saltitam, quicam, giram e curvam no ar enquanto os pés dos produtores tateiam o chão em pulsos lisos e densos de frequências baixas. Um jungle bem feito não deixa ninguém parado. — Sophi




Of The Nescient Mind
Tutara Peak

Carter, através de uma postagem no Instagram, diz que Of The Nescient Mind nasceu das constantes e inúmeras mudanças pelas quais a obra passou até a fase final, e também que sempre há ideias escondidas dentro de ideias, o que explica por que esta obra encapsula a aura de um caleidoscópio — sua força e cor radiantes resultantes da fragmentação das variadas combinações sonoras que apresenta. — Joe Luna




Breathe… Godspeed
Verraco

Por mais curto que seja (apenas 21 minutos), Breathe... Godspeed está muito bem alicerçado no que de melhor Verraco conseguiu condensar das suas raízes latinas (que vai do dembow ao raptor house), ao mesmo tempo que se inspira no que seus progenitores eletrônicos estabeleceram no passado como pioneiros — dentro ou fora de seus espaços, ocupado por uma intencionalidade distinta de ressignificar. — Matheus José




malandreo conceptual
Weed420

Weed420 e seu disco de estreia transfiguram o reggaeton em uma besta alienígena hiper-tecnologica faminta por cacofonia. Feito quase que unicamente por colagens de samples obscuras através do epic collage — tanto que o projeto parece ter sido diretamente parido pela genial Elysia Crampton — e do glitch, a mixtape parece tomar vida própria enquanto anda pelos becos e vielas da Venezuela em busca de um novo caos para consumir. Fabulosamente, malandreo conceptual não perde uma oportunidade sequer de encaixar samples, batidas e efeitos, de forma que cada um de seus 40 minutos sejam, simultaneamente, totalmente distintos e indistinguíveis um dos outros. — Sophi
Aquele Tuim

experimente música.

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