Crítica | +82 K-Pop Star


★★★☆☆
3/5

Quando lançou Dog Dreams (개꿈) no ano passado, Lucy Liyou havia criado uma espécie de linha criativa que serviu não apenas como elo entre seus temas e a música ambiente, mas também como uma forma distinta de operar seus símbolos como sendo uma artista jovem, atenta ao pop e utilizando-o da melhor forma possível.

Em +82 K-Pop Star ela vai além, e ao invés de usar fragmentos vocais de Mariah Carey como representação de sua perspectiva 100% pé no chão (apenas uma artista experimental acenando ao pop), agora, ela tem o k-pop, não necessariamente o som em si (que também se manifesta aqui), mas a idealização e imagem de consumo, criação e proporção que o pop sul-coreano possui. É brilhante, porque existe uma metalinguística entre citar o k-pop como estudo e como parte do som. Há momentos em que “Gee”, do Girls’ Generation, é arrastada para o seio de “debut”, com a letra se propagando no melhor estilo Liyou possível.

Os momentos de eletroacústica, microssons e música concreta precedem ou se sobrepõem às partituras acessíveis de faixas como “visual (hey girl)”, uma vez misturadas com o silêncio espaçoso de “toefl”. São desejos e conceitos ampliados por sensações discerníveis daquilo que, na visão da artista, que evoca suas raízes coreanas, o k-pop retém em seu conjunto de significados, decompostos e recompostos por ela a todo momento... é incrível.

Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: Experimental / Música Ambiente, Eletroacústica, Música Concreta
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

Postagem Anterior Próxima Postagem