Crítica | O transporte mais rápido do mundo


★★★☆☆
3/5

beiramaquina, persona musical de Davi Serrano, combina glitches, barulhos irregulares em ritmo e minimalismo, com synths, beats sujos e vocais processados, resultando em um EP que é um ruído sem fim. Imagine estar em um sonho onde os sentimentos de medo, ansiedade e desconforto, devido às incertezas da vida, te deixam pilhado. O EP, O transporte mais rápido do mundo, provoca exatamente isso. Ao nos depararmos com o desandar do projeto, automaticamente nos encontramos frente a uma escuridão; vulneráveis ao desconhecido que está à nossa frente. O ambiente criado é sombrio, misterioso e intrigante, e essa é a graça disso tudo. As canções aqui parecem imitar a nossa mente, com vozes internas discutindo constantemente, e quanto mais tentamos fugir, mais somos confrontados por elas. Além disso, nota-se a forma que o artista utiliza ritmos mais lentos para criar uma sensação de peso e gravidade, enquanto a harmonia dissonante aumenta a tensão e a inquietação. As dinâmicas variam entre momentos de silêncio e explosões sonoras, criando um lugar de suspense e de imprevisibilidade. Efeitos como reverb, delay e echo expandem esse lugar, enquanto as melodias evitam resoluções óbvias, permanecendo tensas e inacabadas. A intenção parece ser exatamente essa.

Selo: Independente
Formato: EP
Gênero: Eletrônica / Ambiente
Brinatti

Cientista social com ênfase em Antropologia e Sociologia, 27 anos. É editor e repórter do Aquele Tuim, participando das curadorias de MPB, Pós-MPB, Música Brasileira e Pop.

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