Crítica | Ponta da Língua


★★★☆☆
3/5

Ponta da Língua é um daqueles discos que busca ser um conjunto completo, uma carta de apresentação do artista ao seu público, contendo a união de tudo que ele sabe fazer de melhor. É por isso que Sofia Freire, mais do que comprovar, tenta mostrar suas composições, entrelaçadas por gamas sintéticas e orgânicas do art pop ao estilo brasileiro, de onde vem o seu desejo de surpreender.

Ponta da Língua, como o título sugere, possui músicas com forte potencial de permanência no subconsciente do ouvinte. Em outras palavras, é um álbum que realmente contém a substância medular do vício. Ainda assim, é uma obra plana e sem muita variação no mesmo cenário do qual faz parte. Talvez seja por isso que às vezes parece cansativo e repetitivo demais.

É difícil dizer quais as intenções de Sofia para além desta sua nova fase, pois tudo o que ela tem a dizer é feito de uma só vez, sem qualquer enrolação ou qualquer tipo de desenvolvimento temático. O pop, conjurado a partir de suas profundezas de sentimentos — vindos do período pandêmico — é suficiente para retomar o uso dos ritmos brasileiros e da estrutura lírica típica da pós-MPB, com essa desesperança poética que nada mais é do que um fluxo criativo, sem cordas presas e feitas a partir de uma idealização anterior à composição (musical).

Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: Pop / Art Pop
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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