Crítica | Radiants


★★★☆☆
3/5

Novo EP de Sam Goku, Radiants, apresenta esquematizações próprias que abrilhantam suas bases no techno. Na faixa de abertura, “Tides (Under The Moonlight)”, o produtor amplia a duração para quase dez minutos, onde brinca com a criação de tensão e a ideia de preparar o terreno para uma explosão que, ao chegar, parece abrir um portal para um mundo místico; comandado por fragmentos de música ambiente que se chocam com a progressão de ritmo dançante. É o início do que parece ser um acréscimo de profundidade às faixas rave, com partituras superficiais de house abrindo caminho ao lado de rebites de ritmos sincopados que empurram o techno para uma esfera quase alucinógena (“Tanggu FM”).

Apesar de ser curto, Radiants é suficiente em suas límpidas cruzadas eletrônicas, com design de som brilhante, denso e livre para superar a linha entre o acessível (“Radiants”) e o que se assemelha a um desejo de sobressaltar as noções básicas do gênero (“Temple Arp”). É um exemplo claro de como alguns produtores de techno têm se esforçado para ir além da simples organização sistemática e calculada dos sintetizadores; optando por vezes em entrar num terreno de improvisação e ideias paisagísticas, condensando uma gama de gêneros, como o ambiente, para ocupar novos espaços demográficos que são ainda muito indefinidos. É a partir dessa atenção mais detalhada que a música eletrônica progressiva vem se expandindo como um produto digital de ponta.

Selo: Dekmantel
Formato: EP
Gênero: Eletrônica / Techno, Experimental
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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