Crítica | SHAME


★★★★☆
4/5

SHAME, de 2K88, é quase pós-apocalíptico, ou seja, seu contexto advém de grandes mudanças de comportamento e da sociedade. Ambientado no pós-comunismo polaco, o álbum reverbera as transformações urbanas que afetaram principalmente os jovens, como se os resquícios do hip hop e todos os seus alicerces de disrupção social e glamour, encontrassem agora direções diferentes do que apenas o luxo e o questionamento do sistema.

2K88, Przemysław Jankowiak, compreende que se pretende optar pelo relato, é preciso ir além da narrativa literal. É por isso que aqui o som é mais do que um companheiro de expressão, é também uma das fontes daquilo que o artista procura expor. As tendências eletrônicas não servem como meras composições estéticas; são partes vivas da construção de ideias.

A atmosfera que envolve SHAME é visualmente perceptível sob a baixa iluminação de uma boate cujo efeito esfumaçado é produzido pelas próprias pessoas e seus cigarros ou drogas, que causam uma falsa sensação de bem-estar, cercada por rabiscos de jungle, dub e música ambiente, como em “NEVERSLEEP”. É a música de um milênio, demasiado fria para soar nostálgica e demasiado futurista para soar presente e representativa.

Selo: Unsound
Formato: LP
Gênero: Eletrônica
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

Postagem Anterior Próxima Postagem