Crítica | Slow Burn


★★★☆☆
3/5

Ouvir a voz de Baby Rose pela primeira vez é arrepiante. Ao caminhar sobre os passos de grandes vocalistas do soul e do jazz vocal, como Billie Holiday e Nina Simone, a cantora estadunidense reformula estéticas clássicas aos moldes da música contemporânea, reunindo, assim, o passado, o presente e o futuro do R&B em sua entrega. Seus dois discos lançados até hoje, To Myself (2019) e Through and Through (2023), são os principais veículos disso — apesar de contarem com uma produção moderna, eles carregam um aconchego familiar e característico de gravações tradicionais do gênero.

Slow Burn, EP co-assinado pelo grupo canadense BADBADNOTGOOD, é ainda mais fiel às formas antigas do soul. Imagine a cena: fotografada em tom sépia, Baby Rose canta nos fundos de um cabaré dos anos 50; apenas um holofote, um microfone e sua voz, flutuando sobre os acordes soturnos de “On My Mind” e o groove descendente de “Weakness”. É uma fantasia segura para a cantora, que encabeça a colaboração de forma natural e sem tomar grandes riscos, como se fosse algo predestinado a acontecer — resta saber se teremos mais frutos desse casamento. Francamente, apenas seis músicas não são o suficiente.

Selo: Secretly Canadian
Formato: EP
Gênero: R&B / Soul
Marcelo Henrique

Graduando em Matemática Computacional pela UFMG e editor do Aquele Tuim, em que faz parte das curadorias de Pop e R&B e Soul.

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