Crítica | Submarine


★★★☆☆
3/5

Não é difícil perceber que a arte da cinematografia é uma forte influência para a banda californiana The Marías. O projeto surgiu do desejo inicial da vocalista María Zardoya e do baterista Josh Conway de produzir músicas para filmes, resultando em seu primeiro álbum, CINEMA, o qual é recheado de referências à Sétima Arte, com inspirações em Almodóvar, Wes Anderson e Stanley Kubrick. Em Submarine, segundo e mais novo álbum do grupo, embora a homenagem ao cinema ainda esteja presente (referenciando “A Liberdade é Azul” e a Trilogia das Cores de Krzysztof Kieslowski), ela é atenuada para dar espaço a uma nova temática. Após passar por planos diversificados, cenas elegantes e cenários cheios de sensualidade, agora, María propõe aos ouvintes realizarem um suposto profundo mergulho.

Com o término do relacionamento entre Zardoya e Conway, a sofisticada paixão que emanava da estética de CINEMA fora posta de lado. Submarine é sustentado por um mar de sentimentos confusos, explícitos por meio de composições que evocam a autorreflexão, as dúvidas, as recaídas, a saudade, as acusações e a frustração de um desenlace. Junto da elegância característica da banda, a melodia etérea aprofunda perfeitamente o mergulho, com sintetizadores e sons que remetem às ondas, envoltos pela voz suave de Zardoya. A tentativa de o grupo se arriscar por novas sonoridades é outro ponto evidente, que completa a proposta musical.

Submergir nas águas de Submarine por 45 minutos talvez seja difícil em uma primeira audição. Trata-se de um disco desvendável, que melhora a cada ouvida, sobretudo para aqueles que já passaram pelo processo de uma desilusão. Há três ou quatro músicas que parecem sonoramente repetitivas, e é necessário ter atenção ao ouvir o conjunto para que a obra faça sentido e cumpra seu papel da melhor forma. Algumas exclusões de faixas ou modificações na ordem do álbum (por exemplo, “If Only” seria um ótimo encerramento) aumentariam a sua coesão, mas é necessário pensar que, assim como o mar, o álbum criado por María e sua banda possui ondas ora agitadas, ora nem tanto.

Selo: Atlantic
Formato: LP
Gênero: Pop / Alt-Pop, Dream Pop
Raquel Nascimento

De um lado, é profissional do texto há 8 anos, atuando como revisora, redatora, tradutora e escritora. De outro, é cantora e baterista, apaixonada por música de todos os gêneros. Unindo essas duas vertentes, escreve para o Aquele Tuim, fazendo parte da curadoria de Rock.

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