Crítica | talking to the wind


★★★☆☆
3/5

A cantora e compositora UMI lançou seu quarto EP, talking to the wind, impulsionado por um bom momento comercial. O projeto veio após a artista garantir mais uma música de sucesso para sua discografia com o single “wherever u r”, que tem a participação de V, membro do BTS. Sem muitas novidades, o lançamento insiste na sonoridade lo-fi para representar diferentes emoções que acompanham um novo amor.

Na despretenciosa “why dont we go”, a cantora encara um novo romance com leveza por cima de uma linha de baixo tímida, porém cativante, e sintetizadores já familiares do bedroom pop explorado por UMI desde seus primeiros lançamentos. Em seguida, “happy im” utiliza guitarras hesitantes e algumas linhas em japonês para demonstrar as incertezas diante da vulnerabilidade de se apaixonar.

As breves distorções em “not necessarily” auxiliam na ambiguidade narrativa de uma relação que pode ou não estar indo bem — mas não necessariamente. Já “SHOW ME OUT”, apesar de ser a única em caixa alta, é a faixa que menos se destaca no projeto. Os sintetizadores pálidos e as melodias arrastadas dos vocais encerram o EP com uma fadiga incompatível com as declarações amorosas da letra.

Após lançar dois álbuns de estúdio e outros três EPs, UMI parece caminhar por uma corda bamba entre a insistência na mesmice e a sutil expansão criativa. Ainda que mantenha sua essência lo-fi que evidenciou seu nome em playlists do Spotify, a artista apresenta insegurança para explorar novas sonoridades, que aparecem timidamente ao longo das faixas. O problema, no entanto, é mais contextual e não se restringe a talking to the wind, que continua sendo uma experiência satisfatória para uma escuta passiva.

Selo: Independente
Formato: EP
Gênero: R&B / R&B alternativo, Bedroom pop
Tobia Ferreira

Emo de banho tomado e quase jornalista cultural. Graduando em Jornalismo pela USP e repórter do Aquele Tuim, em que faz parte das curadorias de Funk e R&B e Soul.

Postagem Anterior Próxima Postagem