Crítica | Tormento



★★★☆☆
3/5

Em Tormento, terceiro álbum do DJ NCCO, o produtor de Campinas cria um baile funk distópico através de experimentalismos raivosos e sem pudores. Com estruturas não convencionais para o funk mainstream, o projeto traz algumas faixas que passam dos quatro minutos de duração e proporcionam uma experiência completa. Outras, no entanto, estendem-se para além do que são capazes.

O projeto é introduzido por “Exterminador do Submundo”, com DJ FERRARI DO TS, faixa em que efeitos de laser entrecortam um cativante beat imprevisível. Um pouco depois, “Tuin Explode Tímpano” traz sirenes alarmistas e teclados distorcidos que instauram o cenário distópico.

“Karalho”, com vocais de Katy da Voz e as Abusadas, tem uma progressão interessante de um mandelão mais simples para uma sucessão de viradas empolgantes que ficam cada vez melhores. Já faixas como “Experimentalismo Nuclear” e “Pesadelo Sonoro” carecem de elementos que auxiliem na construção de uma unidade sonora.

Tormento se encerra com a faixa título, uma odisseia fantasmagórica de quase 9 minutos em que sintetizadores serenos e distorções apreensivas caminham lado a lado. Ainda que excessivo, o álbum é bem-sucedido em criar um mundo distópico com uma variedade de sons e escolhas ousadas na produção que lhe conferem uma identidade única.

Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: Funk / Experimental, Eletrônica
Tobia Ferreira

Emo de banho tomado e quase jornalista cultural. Graduando em Jornalismo pela USP e repórter do Aquele Tuim, em que faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica e Funk e R&B e Soul.

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