Crítica | WALK


★★★☆☆
3/5

O novo álbum do NCT 127 segue o grupo em sua abordagem baseada em R&B e hip hop. Claro, não é, em sua totalidade, substancialmente R&B e hip hop — é, como todo álbum de k-pop, inspirado em gêneros, apenas um passo à superfície; significa uma busca profunda para representar tais estilos e, por que não, os próprios maneirismos que pairam nessa especificidade de referências.

WALK é exatamente isso, porém, chama a atenção para a exploração constante que NCT 127 faz desses espaços, nos quais consegue se desenvolver com certa singularidade. Assim como 2 Baddies, WALK parece mergulhar em uma linha de coesão bem definida, muitas vezes soando perto do extremo do que o grupo sempre fez. E essa é a graça: apostar no comum, e não numa suposta inovação que, a esta altura do campeonato, faz pouco sentido. Momentos como “Orange Seoul”, cujo saxofone emana tons jazzísticos, dão continuidade aos métodos de referência do grupo na música de raízes negras, como tinham feito, com excelência, em “DJ”, de Ay-Yo. “Time Capsule”, por sua vez, soa mais ajustada ao R&B da Coreia, com inspirações de Giriboy.

Por muitos anos, o NCT 127 foi condicionado por seu meio direto de experimentalismo de gênero (no contexto do k-pop), deixando pouco espaço para ideias mais dinâmicas de marcas bem definidas da SM Entertainment, como o R&B. WALK entra nessa ação quase metalinguística do grupo ao retornar ao seu estímulo musical próprio, com apresentações que não precisam ir além do que sempre fizeram. É o melhor do NCT em muito tempo.

Selo: SM
Formato: LP
Gênero: Música do Leste e Sudeste Asiático / K-Pop
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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