★★★★☆
4/5
Mesmo que trespasse por uma ampla gama de gêneros — desde o dark ambient ao avant-folk —, Ardor or Entropy, em sua mais basilar forma, é um conto pós-moderno sobre o amor. Para dar sustento à progressão deste conto, são utilizados conceitos da astronomia, como o desvio ao vermelho e a entropia, de forma que uma grande teoria se formule: amar nada mais é que aumentar o nível de caos e distorção do universo.
Há, porém, um problema nisso. Como fazer com que o ouvinte não só reconheça essa teoria como se importe com ela? Como dar vida a um conceito tão abstrato como esse? A resposta de Nz
Os fragmentos sonoros cuidadosamente dispostos pelo artista são assim definidos para dar o máximo de abertura à reminiscência de quem o frui. As técnicas utilizadas — a psicodelia do dub, a distorção eletroacústica de gaitas e acordeões, a glitchização de sons indefinidos e muito mais — são apenas um pano de chão à sessão de viagem ao tempo de 40 minutos que é proposta. É uma peça em que todo o foco é dado ao público.
Poucos discos conseguem fazer você chorar sem apelar. Poucos momentos da música desse ano são tão delirantes quanto os lapsos de trance em “Karman Vortex Street”. Poucas experiências fazem você sentir o intuito ao invés de entendê-lo como este projeto o faz. Poucos álbuns têm tanto êxito em craquelar a mente humana quanto Ardor or Entropy, a mais nova obra-prima de Miguel Prado.
Selo: Drowned By Locals
Formato: LP
Gênero: Experimental